Exposição
· de 1 de Fevereiro a 30 de Abril
de 2006 Galerias 1 e 2 · 2 Euros |
Angela de la Cruz |
Clutter Wardrobes, 2004 Jornal da exposição (pdf) Visitas guiadas com o curador Visitas guiadas todos os Domingos às 16H00. |
Esta é a primeira apresentação do trabalho de Angela de la Cruz (n. 1965, La Coruña, Espanha) em Portugal e a primeira mostra antológica que lhe é dedicada. A exposição desvenda, através de uma selecção de mais de trinta e cinco obras, o trabalho de uma artista que, nos últimos dez anos, se distinguiu por uma linguagem inovadora e extraordinariamente vigorosa que questiona as convenções da pintura e explora um leque de possibilidades de representação e significação no interior de um regime formal abstracto. Estamos perante objectos que estabelecem uma espécie de relação simbiótica entre a pintura e a escultura, mantendo-se irredutíveis a qualquer uma dessas disciplinas. Neles se repercute o legado de propostas e autores que, sobretudo nos anos de 1960 e 1970, redefiniram radicalmente as práticas da pintura e da escultura, levando à superação de distinções anteriormente arraigadas entre bidimensional e objectual, entre parede e chão, ou entre obra e espaço. As premissas, os processos e os resultados do trabalho de Angela de la Cruz afastam-se, ao mesmo tempo, dessas propostas na definição do seu próprio território. A maior parte das suas obras incorporam uma pintura monocromática de um monocromatismo impuro que é submetida a diferentes procedimentos de aparente vandalismo ou degradação: as telas são rasgadas, dobradas, amarrotadas, acumulam sujidade, são retiradas da grade e colocadas no chão ou combinadas com outros objectos; as grades são por vezes partidas. Nas palavras da artista, o trabalho pisa uma linha muito fina entre ser obra e ser lixo. Todos esses procedimentos concorrem para um efeito de antropomorfismo, sublinhado nas obras produzidas até ao final da década de 90 pela escolha de títulos que lhes conferem atributos (experiências e sentimentos) humanos. Em sucessivas séries de obras desde 1998, Angela de la Cruz tem vindo a abordar igualmente a questão da natureza mercantil da pintura e, mais particularmente, do seu próprio trabalho. São recorrentes ideias como excesso de produção e reciclagem, repetição e permutabilidade (quer das obras, vistas como múltiplos da mesma obra, quer dos seus elementos constituintes). Se o cruzamento e a síntese entre pintura e escultura sobressaem como um dos vectores do trabalho de Angela de la Cruz, é de assinalar num conjunto de obras recentes uma inflexão num sentido mais estritamente escultórico, que algumas peças anteriores já prenunciavam.
Curador
This is the first time the work of Angela de la
Cruz (b. 1965, la Coruña, Spain) is shown in Portugal and
it is also the first survey exhibition of her work. Through a selection
of over thirty five pieces, the show unveils the work of an artist
who has for the past ten years become known for the innovative and
extremely vigorous language with which she questions the principles
of painting and explores a wide range of alternatives of representation
and signification within a formal abstract system.
apoios |