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Exposição · de 1 de Fevereiro a 30 de Abril de 2006
Galerias 1 e 2 · 2 Euros

Angela de la Cruz
Trabalho


Clutter Wardrobes, 2004
3 guarda-roupas e meio de madeira
236 x 113 x 201 cm
Cortesia da Artista e de Lisson Gallery © Stephen White

Jornal da exposição (pdf)

Visitas guiadas com o curador
2 Fevereiro e 2 de Março às 18H30; 2 Abril às 16H00

Visitas guiadas todos os Domingos às 16H00.
Disponibilizamos gratuitamente guias audio para acompanhamento da visita à exposição.

Esta é a primeira apresentação do trabalho de Angela de la Cruz (n. 1965, La Coruña, Espanha) em Portugal e a primeira mostra antológica que lhe é dedicada. A exposição desvenda, através de uma selecção de mais de trinta e cinco obras, o trabalho de uma artista que, nos últimos dez anos, se distinguiu por uma linguagem inovadora e extraordinariamente vigorosa que questiona as convenções da pintura e explora um leque de possibilidades de representação e significação no interior de um regime formal abstracto.

Estamos perante objectos que estabelecem uma espécie de relação simbiótica entre a pintura e a escultura, mantendo-se irredutíveis a qualquer uma dessas disciplinas. Neles se repercute o legado de propostas e autores que, sobretudo nos anos de 1960 e 1970, redefiniram radicalmente as práticas da pintura e da escultura, levando à superação de distinções anteriormente arraigadas entre bidimensional e objectual, entre parede e chão, ou entre obra e espaço. As premissas, os processos e os resultados do trabalho de Angela de la Cruz afastam-se, ao mesmo tempo, dessas propostas na definição do seu próprio território.

A maior parte das suas obras incorporam uma pintura monocromática – de um monocromatismo impuro – que é submetida a diferentes procedimentos de aparente vandalismo ou degradação: as telas são rasgadas, dobradas, amarrotadas, acumulam sujidade, são retiradas da grade e colocadas no chão ou combinadas com outros objectos; as grades são por vezes partidas. Nas palavras da artista, “o trabalho pisa uma linha muito fina entre ser obra e ser lixo”. Todos esses procedimentos concorrem para um efeito de antropomorfismo, sublinhado nas obras produzidas até ao final da década de 90 pela escolha de títulos que lhes conferem atributos (experiências e sentimentos) humanos.

Em sucessivas séries de obras desde 1998, Angela de la Cruz tem vindo a abordar igualmente a questão da natureza mercantil da pintura e, mais particularmente, do seu próprio trabalho. São recorrentes ideias como excesso de produção e reciclagem, repetição e permutabilidade (quer das obras, vistas como múltiplos da mesma obra, quer dos seus elementos constituintes).

Se o cruzamento e a síntese entre pintura e escultura sobressaem como um dos vectores do trabalho de Angela de la Cruz, é de assinalar num conjunto de obras recentes uma inflexão num sentido mais estritamente escultórico, que algumas peças anteriores já prenunciavam.

 

Curador
Miguel Wandschneider

 

This is the first time the work of Angela de la Cruz (b. 1965, la Coruña, Spain) is shown in Portugal and it is also the first survey exhibition of her work. Through a selection of over thirty five pieces, the show unveils the work of an artist who has for the past ten years become known for the innovative and extremely vigorous language with which she questions the principles of painting and explores a wide range of alternatives of representation and signification within a formal abstract system.

Most of her works contain a monochromatic painting – stemming from an impure monochromatism – which is submitted to different procedures of what appears to be vandalism or deterioration. In the artist’s own words: “the work treads a very fine line between being an art piece and being trash”.

If the crossing between painting and sculpture stands out as one of the driving forces in the work of Angela de la Cruz, it should also be noted that a series of her recent works signals an inflection towards a more strictly sculptural direction, which some of her previous works had already predicted.

 

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