Carlos Bunga
Carlos Bunga (n. 1976, Porto)
tem um percurso recente, mas já com assinalável
visibilidade internacional, facilitada num primeiro momento
pela conquista no final de 2003 do Prémio EDP
Novos Artistas e impulsionada, uns meses depois, pela
participação na Manifesta em San
Sebastian.
Carlos Bunga tem-se evidenciado com as suas instalações
site specific de grandes dimensões, nas quais
as referências à arquitectura urbana precária
e transitória se conjugam com ecos de certa pintura
modernista e construtivista. São intrínsecas
a estas instalações noções de
fragilidade, devir e contingência, desenvolvidas quer
de um ponto de vista material, quer enquanto evocação
poética da passagem do tempo e do destino das coisas.
O artista começa o processo pela construção,
com pranchas de cartão prensado e fita adesiva, de
volumes de imediata conotação arquitectónica.
Numa fase seguinte, uniformiza as superfícies exteriores
pintando-as de branco e pinta as interiores de diversas cores
para criar uma composição de planos monocromáticos.
Em diversas ocasiões, o processo concluiu-se com a
demolição dos volumes, permanecendo apenas as
superfícies de cartão prensado no chão
e as que ficam apostas sobre as paredes do espaço.
Estas instalações sugerem, logo numa primeira
aproximação, as superfícies que ficam
como memória impressa de edifícios demolidos.
Mas já sucedeu, numa das instalações,
o artista incorporar os destroços amontoados no chão
ou, numa outra, manter a construção intacta
deixando as superfícies interiores de cartão
prensado cruas.
Há, no processo de feitura das instalações,
uma atenção constante à escala e à
morfologia do espaço expositivo. No projecto para a
Galeria da Culturgest no Porto, Carlos Bunga confronta o vocabulário
que tem vindo a desenvolver, já não com a arquitectura
neutra do cubo branco, mas antes com um espaço
muito particular (da autoria, tal como o edifício onde
se situa, do arquitecto Porfírio Pardal Monteiro):
um espaço cruciforme, com uma área de aproximadamente
400 m2, profusamente ornamentado a partir da integração
revivalista de elementos art déco.
Nesta exposição a segunda individual
de Carlos Bunga, depois da que realizou em Abril passado na
Galeria Elba Benítez, em Madrid são ainda
mostrados um conjunto de maquetas feitas igualmente com cartão
prensado e três vídeos de curta duração,
umas e outros datados de 2002, onde são já formuladas
algumas das principais questões que as instalações
iriam mais tarde potenciar.
Carlos Bunga (b. 1976) took the Portuguese
artistic scene by storm when, a virtual unknown, he participated
in the exhibition and won the EDP Novo Artista Award in 2003,
held at Museu de Serralves.
Since then, Bungas work has been shown in prestigious
exhibitions and venues, from Manifesta in San
Sebastian to the Artists Space in New York and Galeria Elba
Benìtez. Carlos Bunga has gained prominence thanks
to his large-scale ephemeral interventions in the exhibition
space, where references to architecture, particularly to precarious,
run-down urban construction, are combined with a marked pictorial
sense. The artist uses laminated cardboard to build aggregated
structured elements. Choosing different colours, he then paints
the interior walls, which are superimposed over the walls
of the exhibition space. In the final stage of the process,
he causes the collapse of these elements, leaving only the
surfaces on the wall and the wrecks pilled on the floor. This
way, he is inducing the acceleration of the process of degradation
and ruin, in order to poetically unveil lifes meaning
and destiny. This is Carlos Bungas first solo exhibition
in Portugal.
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