OrchestrUtopica
Diques
CICLO PORTUGAL HOLANDA
Concebidos em 1892 como um enorme desafio
à natureza, os diques da Holanda, manifestam uma energia
contraditória: ao mesmo tempo que contêm e empurram
para trás as águas do Atlântico Norte,
permitem expandir o território, conquistar e alargar
o espaço. Simbolizam um gesto inconformado: a não
resignação às imperfeições
do mundo, a afirmação do seu domínio
técnico e cultural. Esse traço, mesmo que metafórico
e simbólico, ouve-se e toma parte na nova
música da Holanda.
Se se pode dizer que a geografia determina as produções
culturais humanas, certamente o carácter da nova música
holandesa distingue-se no mosaico europeu e no estilo
internacional dominante talvez pelo mesmo traço
que marca a ousadia de construir diques, pontes e canais.
Uma generalização assim com esta precisão
nacional é arriscada, certamente. Por isso, e para
lá de uma descrição mais ou menos baseada
em impressões e sensações, a escuta da
nova música da Holanda permitirá reconhecer
a inscrição de vozes e discursos que marcam
hoje decisivamente de forma relevante o panorama da nova música.
As ligações entre a nova música dos dois
países parece centrar-se em especial nos casos de compositores
portugueses que estudaram composição em diferentes
escolas da Holanda. António Pinho Vargas, António
Chagas Rosa, Amílcar Vasques Dias, Nuno Côrte-Real,
Vasco Mendonça, Nuno Miguel Henriques são alguns
desses compositores; não é, no entanto, evidente,
em todos os casos, uma marca claramente holandesa na sua música.
Não se centrando particularmente numa questão
de escola, o concerto Diques dá destaque
a Michel van der Aa (um dos compositores mais marcantes da
nova música holandesa), a Jan van de Putte e ao jovem
compositor português, Nuno Miguel Henriques.
Diques
Nuno Miguel Henriques
Elementos
Michel van der Aa
Above (1ª audição)
Jan van de Putte
Es schweigt (1ª audição)
Maestro Cesário Costa
Soprano Monique Krüs
Direcção artística do projecto José
Júlio Lopes
Co-produção Orchestrutopica / Culturgest
Produção executiva OrchestrUtopica
If one would consider the hypothesis that
geography determines Mans cultural productions, no doubt
the character of young Dutch music is set apart in the midst
of the European mosaic and the ruling international
style maybe by the same feature that distinguishes
the daringness of building dikes, bridges and canals. Naturally,
a generalization with such a degree of national specificity
is risky. For that reason, and moving beyond any description
that is more or less founded on impressions or sensations,
listening to new music from The Netherlands will allow us
to recognize the presence of voices and patterns that have
left a significant mark in the new music scene today.
Without focusing specifically on the issue of school
affiliation, Diques (Dikes) highlights the work of Michel
van der Aa (one of the most outstanding composers of new Dutch
music), Jan van de Putte and the young Portuguese composer
Nuno Miguel Henriques.
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