Arquivo


Teatro
26, 27, 28 e 29 de Janeiro
21h30 (dias 26, 27 e 28)
17h00 (dia 29)
Grande Auditório
Duração 1h30 (aprox.)
15 Euros
Até 30 anos: 5 Euros.
Preço único


Documentação

Uma Laranja Mecânica
Uma peça com música
De Anthony Burgess. Um espectáculo da APA

A ideia de “livre-arbítrio versus predestinação”, enquanto única forma de atingir a “humanidade” do ser humano, é para mim a questão central da peça. O protagonista escolhe o mal como acto deliberado de liberdade espiritual num mundo de conformismo radical, assumindo desta forma que o bem está potencialmente mais presente num homem que escolhe deliberadamente o mal do que num homem que é forçado a ser bom. Os homens são o que são e não podem ser forçados a ser qualquer coisa por meio de pressões ou condicionamentos sociais. A maturidade humana é-nos apresentada como capacidade de mudar por si próprio, de aceitar a mudança e de repudiar o passado. É uma visão perturbadora sobre o controlo estatal que aniquila qualquer possibilidade de redenção escolhida livremente. Reflecte duma forma inteligente a relação entre o cidadão e o Estado e obriga-nos a reflectir e a pensar.

manuel wiborg

(…) Deixo entrever aqui algum desânimo a respeito da adaptação visual do meu livrinho, e o leitor tem agora o direito de perguntar porque empreendi uma versão dele para o palco. A resposta é muito simples. É para deter o jorro de adaptações amadoras de que me chegou notícia, embora nunca as tenha visto. É para fornecer uma versão teatral definitiva que tenha autoridade autoral. É, além disso, uma versão que, ao contrário da adaptação cinematográfica de Kubrick, abarca a totalidade do livro, apresentando no fim um herói delinquente que está agora em processo de crescimento, que se apaixona, que inicia uma vida decente e burguesa com mulher e filhos, e que nos consola com a doutrina de que a agressão é um aspecto da adolescência que a maturidade rejeita. (...)
Há três momentos que reclamam música da minha autoria, ou de outra pessoa, mas o espírito de Beethoven tem que estar presente – o espírito da maturidade criativa que sabe conciliar a criação e a destruição. Não se trata aqui de grande ópera. É uma peçazinha que qualquer grupo pode interpretar, e é a minha despedida de uma preocupação que persistiu demasiado tempo. Quero dizer, uma preocupação escusada com um livro que pertence definitivamente ao meu passado – ao fim e ao cabo tem um quarto de século – e que eu preferiria esquecer. Escrevi outros livros e, creio eu, bem melhores.

anthony burgess


Conversas com o público após o espectáculo nos dias 27 e 28 (sala 2)


Título original A Clockwork Orange – A play with music
Autor Anthony Burgess (a partir da sua novela com o mesmo nome)
Tradução José Lima (a partir da edição da Methuen Publishing Limited de 1998)
Encenação Manuel Wiborg
Música e Indicações Musicais Originais Anthony Burgess
Adaptação, Arranjos e Orientação Musical José Eduardo Rocha
Cenografia, Figurinos, Grafismo Luís Mouro
Desenho de Luz Pedro Marques
Fotografia Álvaro Rosendo
Elenco Ana Videira, Carlos António, Cláudio da Silva, Hugo Amaro, Hugo Caroça, João Didelet, Isabel Ribas, Luís Pacheco, Manuel Wiborg, Rui Raposo
Músicos Vasco Lourenço e Nuno Morão
(do Ensemble JER)
Direcção de Produção Manuel Wiborg
Assistentes de Produção / Promoção Patrícia Farinha Mendes, Rafaela Gonçalves
Assistentes de Encenação Cláudio da Silva, Hugo Amaro, Hugo Caroça
Execução do Guarda-Roupa Ana Saraiva
Aderecista Francisco Soares
Animação João Morais
Contabilidade Triunconta
Uma co-produção Actores Produtores Associados / Culturgest
Apoios Cortecis, Iop Música, MGO-Borrachas Técnicas, Siorto
Agradecimentos Artistas Unidos, Ana Saraiva, Eugénio Pereira, Lda (Citel), Joaquim Canelhas
Companhia subsidiada por MC / IA


The idea of “free will versus predestination”, as the only path to reaching the “humanity” of the human being, is for me the key issue in this play. In a world ruled by radical conformity, the protagonist chooses evil in a deliberate act of spiritual freedom, thus assuming that good is potentially more present in a man that chooses evil deliberately than in a man that is forced to be good. Human beings are what they are and they cannot be forced into being something through pressure or social constraints. This is a startling vision of state control, which annihilates any possibility of freely-chosen redemption. It is an intelligent reflection on the relationship between citizen and State and it compels us to ponder and think.

manuel wiborg