Para ouvir Lopes-Graça
Por Paulo Ferreira de Castro
O centenário de um compositor convida
geralmente aos balanços unanimistas e à
atribuição de uma espécie de lugar cativo
na História. Não assim com Fernando Lopes--Graça,
cuja figura e sobretudo cuja música continuam a suscitar
o debate. De facto, as visões correntes da obra e do
artista, orientadas pelos prismas do folclorismo, do empenho
cívico e político, do testemunho angustiado
de um tempo problemático, dão conta de outras
tantas componentes reais da sua personalidade, mas não
esgotam o tema. A presente conferência propõe-se
revisitar alguns momentos de um percurso de compositor menos
linear do que se supõe e avança algumas propostas
de escuta de uma obra que talvez não tenha revelado
ainda a sua verdadeira dimensão.
Paulo Ferreira de Castro,
musicólogo, formado nas Universidades de Estrasburgo,
Leeds e Londres, é autor de inúmeros escritos
e conferências sobre temáticas musicais, e exerceu,
entre outros, o cargo de Director do Teatro Nacional de São
Carlos. Actualmente, lecciona no Departamento de Ciências
Musicais da Universidade Nova de Lisboa.
A composers centennial tends to invite
unanimous considerations on merit, which result in bestowing
upon the composer a kind of right of place in History. This
is not the case with Fernando Lopes-Graça the
man and especially the music continue to rouse discussion.
As a matter of fact, the common perspectives on the artist
and his work, through the angles of lore, civic and political
commitment and the anguished testimony of a troubled time,
convey many real elements of his personality but do not exhaust
the theme. This conference proposes to revisit some highlighted
moments of the composers course of life and work, which
may prove to be less straight forward than it is generally
supposed. It may equally put forward some listening alternatives
for a work that may not yet have revealed its true stature.
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