Miguel Henriques
Recital de Piano
Centenário Fernando Lopes-Graça
No programa deste recital a música
de Fernando Lopes-Graça surge em exemplos diferenciados,
alternando com outros de Chopin. As razões desta associação
poderão revelar-se surpreendentes para alguns, mas
é inequívoco o seu enraizamento profundo na
enorme admiração de Lopes-Graça pelo
compositor polaco.
No seu artigo Evocação de Chopin Lopes-Graça
a ele se refere com palavras de inequívoca veneração:
é um artista puro, simples e humano. Em particular
o amor de Chopin pela música do seu povo e o modo como
a absorveu, integrando-a no seu discurso, constituiu para
o compositor português um dos exemplos modelares mais
marcantes.
Para além do papel central que o piano teve na sua
própria formação, a figura do grande
pianista Vianna da Motta, seu mestre, terá sido outra
das referências que mais o aproximaram da música
de Chopin. Mas acima de tudo o que predomina na obra de Lopes-Graça,
tal como em Chopin, é a celebração do
homem na sua forma poética mais verdadeira e depurada.
Miguel Henriques tem-se dedicado
ao longo da sua carreira à divulgação
das principais obras do repertório pianístico
- algumas menos conhecidas do público. Os seus programas,
abrangendo os diferentes estilos, do barroco ao contemporâneo,
incluem frequentemente obras de Beethoven, Chopin, Janácek,
Schubert, Liszt, Tchaikovsky, Scriabine, Shostakovitch, Messiaen,
Schnittke, Lopes-Graça, e António Pinho Vargas.
De música de Lopes-Graça são igualmente
os seus últimos registos discográficos os quais
mereceram referência destacada na crítica especializada,
em Portugal e em Inglaterra.
Fernando Lopes-Graça
(1906-1994)
Variações sobre um Tema Popular Português
Epitalâmio (1ª audição absoluta)
Fryderyk Chopin (1810-1849)
Improviso em sol bemol maior, Op. 51
Fernando Lopes-Graça
Três Epitáfios: Para um céptico; Para
uma donzela; Para o autor
Fryderyk Chopin
Prelúdio em mi menor, Op. 28 n.º 4
Fernando Lopes-Graça
Nocturno Op. 105 nº 5; Improviso Op. 146
nº 4
Fryderyk Chopin
Nocturno em si maior, Op. 62 nº 1
Fernando Lopes-Graça
Sonata nº 3
In this recitals programme, the music
of Fernando Lopes-Graça appears in distinct examples,
alternating with others by Chopin. The reasons for this association
can turn out to be quite surprising for some, but it undoubtedly
stems from the deep-seated admiration Lopes-Graça harboured
for the Polish composer.
In his article Evocação de Chopin (Evocation
of Chopin), Lopes-Graça refers to him with words of
unquestionable reverence: he is a pure artist, simple and
humane. Most of all, it was Chopins love for the music
of his people and the way in which he absorbed it, incorporating
it into his musical discourse, that left the strongest impression
in the Portuguese compose, becoming his paragon. In addition
to the central role of the piano in his own background, his
master, the great pianist Vianna da Motta, was another main
reference that brought Lopes-Graça closer to the music
of Chopin. But above all, as in Chopins, the dominant
feature in the work of Lopes-Graça is the celebration
of Man in its truest and most sublimated poetic form.
|