Thom Pain
Lady Grey
Dois monólogos de Will Eno.
Um espectáculo .lilástico
Thom Pain (baseado em nada), de Will
Eno, é a construção múltipla,
rigorosíssima de uma hesitação
monumental. Absoluta quase, dir-se-ia. Um texto sobre o discurso
e a exposição física, o medo e a narração,
sobre os artifícios e os limites do teatro, e no fim
da linha por um certo inesperado avesso sobre
a própria alegria de estar vivo. Vivo em palco e vivo
no público. Vivo ao vivo. Um texto que, na sua aparente
leveza, fala dos mais sérios absurdos humanos, não
se furtando a quase nada. E uma peça que consegue o
feito louco de ir avançando às arrecuas.
Lady Grey (a uma luz cada vez mais baixa)
o outro monólogo deste espectáculo é,
também, o texto de um texto, digamos assim, palavras
que se sabem palavras. Nele uma actriz tenta preencher o silêncio
para, finalmente, eventualmente, conseguir agir. Num certo
sentido, não se trata de uma história mas de
uma pré-história. Quais as frases de chegar
ao princípio?
Will Eno, de quem já se disse ser descendente de Beckett
e Albee, é dono de uma voz original e poderosa que
faz das contradições forças e da banalidade
iluminações. A sua escrita não se esgota
no humor nem numa simples estratégia de palavra
horrível desconstrução.
As suas não-personagens são artificiosas para
serem verdadeiras, as suas gargalhadas carregam tristezas
mortais. Mas não é óptimo
estar vivo?.
Um regresso .lilástico à tradução
de textos de autores contemporâneos que, como em 1999
com Variações sobre os Patos de David
Mamet, pretendemos seja o início de um novo ciclo.
Um espectáculo que, partindo da forma convencional
do monólogo, se construa na direcção
da ficção e que dela se construa a relação
com o público.
Will Eno vive em Brooklyn.
Escreveu The Flu Season, Tragedy: a tragedy,
King: a problem play, Intermission. As suas
peças foram produzidas por companhias como o Gate Theatre,
a Soho Theatre Company, Rude Mechanicals, NY Power Company,
Naked Angels e na BBC Rádio. Thom Pain (based on
nothing) ganhou um First Fringe Award no festival de
Edimburgo.
Conversas com o público após
o espectáculo nos dias 23 e 25
Títulos originais Thom
Pain (Based on nothing), Lady Grey
(In ever lower light)
Tradução Jacinto Lucas Pires
(Thom Pain) e Marcos Barbosa (Lady Grey)
Direcção e encenação Marcos
Barbosa
Dramaturgia Jacinto Lucas Pires
Com Catarina Requeijo e Marcos Barbosa
Cenografia, figurinos e grafismo Sara Amado
Desenho de luz José Álvaro Correia
Uma co-produção .lilástico /
Culturgest / Casa das Artes (Famalicão)
Outras apresentações:
3 e 4 de Março na Casa das Artes (Famalicão)
Thom Pain (based on nothing), by
Will Eno, represents the multileveled and meticulous construction
of a colossal hesitation. This is a text on discourse and
physical exposure, fear and narration, on the ploys and limits
of theatre. To an extent and thanks to an unexpected
twist this is a text on the simple joy of being alive.
In its seeming weightlessness, the text speaks of the most
serious human absurdities and shies away from scarcely anything.
Lady Grey (in ever lower light) the other
monologue in this show is also the text of another
text, or rather, words that know themselves to be words. An
actress tries to fill the silence in order to, finally, eventually,
be able to take action. In a certain sense, this is not a
story but rather a pre-story. Which sentences will lead us
to the beginning?
Will Eno lives in Brooklyn.
He has written The Flu Season, Tragedy: a tragedy, King:
a problem play, Intermission. His plays have been produced
by companies such as the Gate Theatre, the Soho Theatre Company,
Rude Mechanicals, NY Power Company, Naked Angels and BBC Radio.
Thom Pain (based on nothing) won a First Fringe Award
in the Edinburgh festival.
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