Não sou daqui, mas gosto d’aqui estar
De aprender no lugar do outro a m’encontrar
De poder um lugar achar, no estar aqui
Desejar o lugar de todos neste lugar
E saber, no lugar d’aqui, o meu lugar
Apresentei esta proposta de concerto à Culturgest, porque é ela a casa, em Lisboa, que os cantos do Não sou daqui, o meu mais recente trabalho, desejavam.
São cantos que convocam os mundos do mundo, entre o aquém e o além das designações identitárias ou dos géneros musicais. Procuram, no território dos poemas, outras geografias para as pertenças, tentando nelas identificar o que já fomos, mas sobretudo o que ainda viremos a ser. As utopias começam na forma como cada um se projecta num mais além. E nesse lá, poderá a canção ser, nem que por breves momentos, o “ lugar de todos”?
Não sou daqui desafia as fronteiras da canção, na procura de um lugar de lugares onde a palavra, qual Gulliver em viagem, se apequena ou se agiganta em função dos territórios que atravessa, gerando percursos, tacteando vazios, perdas e danos, criando rotinas, tédios e alegrias, silenciando-se, para que outras “vozes” ganhem protagonismo.
Aqui, no horizonte da Culturgest, já sentimos à partida o apelo do ir ao encontro dos outros e do futuro. Trazemos para o seu palco do mundo, imagens e cumplicidades entre uma voz, um piano, um contrabaixo, vários sopros, percussões e tudo o mais que convites inesperados possam acrescentar. Interrogando sobretudo o que somos e o que nos preocupa e sobressalta. E homenageando, sempre, todos os que amamos.
amélia muge
Não sou daqui tem composições de Amélia Muge, para poemas dela própria e de António Ramos Rosa, Eugénio Lisboa, Hélia Correia e Sophia de Mello Breyner Andresen.
Ficha Técnica
Voz Amélia Muge
Direcção musical António J. Martins
Piano acústico, Piano Rhodes e Acordeão Filipe Raposo
Contrabaixo e Baixo eléctrico Yuri Daniel
Sopros, Acordeão José Manuel David
Percussões Carlos Mil-Homens
Realização plástica António Jorge Gonçalves
Desenho de luz Manuel Mendonça
Captação sonora, registos e inter-acção instrumental António J. Martins
Produção executiva Vachier & Associados
The songs in Não sou daqui (I’m not from here) my most recent work, summon up the worlds in the world. They challenge the frontiers of song, searching for a land of places where words become gigantic or tiny according to the territory, creating routes, touching voids, creating routines and falling silent so that other voices come to the fore.
Here in Culturgest, I felt the call to go and meet others and the future. We bring its world stage images and complicity between a voice, a piano, a bass, wind instruments, percussion and all the other things that unexpected invitations can add. We essentially ask what we are, what worries us and what scares us, and always pay tribute to those we love.
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