Porque é que alguém decide ser polícia? Para defender a democracia, porque gosta do perigo, porque não consegue outro trabalho, por idealismo, porque quer andar com um revólver na cintura?
Chácara Paraíso é o local onde se encontra o maior centro de formação de soldados da Polícia Militar da América Latina, no bairro de Pirituba, São Paulo. Nesse local, todos os dias, mais de 2000 polícias aprendem marchas, abordagens e ataques.
Na Chácara Paraíso os jovens de 18 anos treinam-se para a realidade a partir de simulações que são formas de teatro. Até existe uma favela cenográfica para que os polícias disparem contra alvos de papelão pintados como pessoas: homem de barba com pistola (atirar!), fotógrafo com câmara (não atirar!), mulher bonita com revólver (atirar!), homem com refém (não atirar!). A ficção converte-se numa forma de treino.
A convite do Goethe Institut São Paulo os encenadores Lola Arias e Stefan Kaegi (autor de Mnemopark – um mundo de comboio em miniatura, na Culturgest em 2007), que trabalham juntos pela primeira vez, visitaram centros de formação e treino, cerimónias de formatura, centros de atendimento psicológico, cavalarias, o Corpo Musical e até a capela da Polícia Militar de São Paulo. Durante este percurso, surgiu uma imagem heterogénea e surpreendente da instituição policial, uma sociedade dentro da sociedade.
Chácara Paraíso foi o nome escolhido para uma forma de instalação que mescla o documental e o ficcional, mostrando biografias de polícias, ex-polícias e familiares.
Os espaços vazios do Palácio de Santa Catarina serão ocupados com a arte de pessoas que não são actores e que reconstroem cenas da própria biografia que, às vezes, pode parecer ficção. O público percorrerá as salas em pequenos grupos. Os polícias mostram os seus documentos, fotos e cartas como se fossem os guias do museu da sua própria vida.
Lola Arias é escritora, encenadora e performer. Os seus textos trabalham a fronteira entre a ficção e o real, questionando o limite do representável. Trabalha com actores, não-actores, bailarinos, músicos, crianças, bebés e animais. Fundou a Compañía Postnuclear, colectivo interdisciplinar de Buenos Aires. Tem textos traduzidos em inglês, francês e alemão.
Stefan Kaegi desenvolve o seu trabalho a partir de biografias reais e em espaços não-teatrais. Com Helgard Haug e Daniel Wetzel, Kaegi integra o colectivo de encenadores Rimini Protokoll (www.rimini-protokoll.de).
Conceito e encenação Lola Arias e Stefan Kaegi
Com Isabel Cristina Amaro, Thiago de Paula Santos Alves, Marcel Lima, Pedro Amorim, Sebastião Teixeira dos Santos, Terezinha Teixeira dos Santos, Ellana Gomes Viana Pires, Luis Carlos Tokunaga, Inês de Arruda Monteiro
Colaboração artística e assistência de encenação Cristiane Zuan Esteves
Segunda assistente de encenação Manuela Afonso
Edição de vídeo Marilla Halla
Produção Interior Produções Artísticas Internacionais / Matthias Pees e Ricardo Muniz Fernandes
Realização Goethe Institut em parceria com o Serviço Social do Comércio de São Paulo - SESC SP, com o apoio da Fundação Federal de Cultura da Alemanha (Kulturstiftung des Bundes) e do Ministério da Cultura do Brasil
Estreado nos escritórios abandonados do SESC da Avenida Paulista, São Paulo, em Fevereiro de 2007
A Culturgest agradece a Arq. Manuel Salgado, Dra. Rosália Vargas, Dr. Miguel Honrado
Why become a policeman? Because you like danger? Can’t get another job? Idealism? Because you want a gun?
Chácara Paraíso in Brazil has the largest military police training centre in Latin America. Here 18-year-olds are trained for reality using simulations that are a kind of theatre. The theatre-directors visited training centres, psychological support units and São Paulo Military Police Chapel and found a society within society.
Lola Arias is a writer, director and performer. Her work involves actors, non-actors, dancers, children and animals.
Stefan Kaegi’s work is based on real lives. He’s a member of Rimini Protokoll.
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