"Toda a Arte é imoral", como disse Oscar Wilde? Ou será uma "amante ciumenta" como afirmou Ralph Waldo Emerson? Exigirá a "supressão do eu" como escreveu melancolicamente Henry James? Ou fará desaparecer tudo o que é desagradável, por estabelecer "a relação perfeita entre a verdade e a beleza", na opinião optimista do poeta John Keats?
Uma vez que escrever é uma Arte e que outras artes são atravessadas pela Literatura, o que acontecerá com esta auspiciosa fusão?
Ao longo da leitura destas obras tentaremos descobrir a forma como, tanto através da escrita como através da pintura ou do desenho, os artistas nos "contam histórias", oferecendo pistas, enigmas e ilusão, à medida que se desvendam a si próprios e nos facultam a chave para a compreensão da sua arte e do seu tempo.
Com Wilde exploraremos o poder da representação narcísica (Dorian Gray passou a ser nome de síndrome) e com Joyce a mestria de um exercício de auto-‑conhecimento. Com Agustina, Frayan e Chevalier exploraremos a época de ouro da pintura flamenga dos séculos XVI e XVII. Breugel e o seu dramático tempo, quando os Países Baixos lutavam contra a coroa espanhola, é o centro do delirante livro de Frayan, enquanto Rembrandt é o de Agustina e Vermeer o de Tracy Chevalier. Quanto à obra de Byatt, embora trate essencialmente da articulação da poesia vitoriana, está indissoluvelmente ligada ao movimento pré-rafaelita de (entre outros) Dante Gabriel Rossetti.
As "pontes" – mas também as cisões – entre a linguagem literária e a linguagem pictórica serão o pretexto para as nossas leituras.
Helena Vasconcelos
24 Setembro
O Retrato de Dorian Gray
Oscar Wilde, Ed. Dom Quixote
8 Outubro
A Ronda da Noite
Agustina Bessa-Luís, Guimarães Editores
29 Outubro
Retrato do Artista Quando Jovem
James Joyce, Ed. Difel
12 Novembro
Golpe de Mestre
Michael Frayan, Ed. Asa
26 Novembro
Possessão
Antonia S. Byatt, Sextante Editora
10 Dezembro
Rapariga com Brinco de Pérola
Tracy Chevalier, Ed. Quetzal
Oscar Wilde said "All art is immoral". Ralph Waldo Emerson called it a "jealous lover". Henry James termed it the "suppression of I". Or perhaps it is the perfect blend of truth and beauty, as Keats believed?
These readings examine how artists tell stories through writing, painting and drawing. Wilde will help us to explore narcissism; through Joyce we will look at self-knowledge. To understand the golden age of Flemish painting, Breugel is the centre a book by Frayan, while Chevalier wrote about Vemeer and Agustina about Rembrandt. These readings deal with the bridges and gaps between literature and image.
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