Na dança, criadores e intérpretes estabelecem modelos de interacção através dos quais exprimem a forma como se vêem a si próprios na sua relação com os outros. Pela forma como se dispõem espacialmente e interagem, confrontando-se ou distanciando-se, tocando-se ou afastando-se, eles reproduzem ou criticam os modos de organização intergrupal ou interpessoal no mundo exterior à própria dança e os valores e as ideias que resultam dessa organização. Para além das modalidades de exploração espacial e de interacção entre os indivíduos, são ainda determinantes na definição coreográfica da visão do mundo que o artista deliberadamente constrói em cena as linguagens de movimento a que recorre como meio de reflexão, de expressão e de comunicação.
Tornar explícitos os significados de “onde se dança”, “com quem se dança” e “como se dança” é o objectivo destas três sessões. Concentrar-nos-emos em composições para duetos (na conferência do dia 16), solos (no dia 23) e grupos (no dia 30) de vários coreógrafos contemporâneos, como Bill T. Jones, Boris Charmatz, Francisco Camacho, Mathilde Monnier, Merce Cunningham e Paulo Ribeiro, entre outros. Que ideias sobre os corpos feminino e masculino emergem quando uma pessoa dança com outra? Que concepções do “eu” adquirem visibilidade quando um só intérprete se revela em cena? Como se relaciona o indivíduo com o grupo e que valor lhe é atribuído no seu seio? Estas são algumas das questões a que nos propomos responder.
Maria José Fazenda é Professora Adjunta na Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa. É Doutorada em Antropologia pelo ISCTE. Fez o Curso de Dança da Escola de Dança do Conservatório Nacional. Organizou a antologia Movimentos Presentes: Aspectos da Dança Independente em Portugal (Cotovia e Danças na Cidade, 1997) e é autora de Dança Teatral: Ideias, Experiências, Acções (Celta, 2007).
In dance, creators and performers establish models of interaction to express themselves and their relationship to others. As well as exploring space and interaction, the language of movement as a form of reflection and expression also defines the world view constructed by the artist on stage.
These three session explore “where one dances”, “with whom” and “how”. They focus on compositions for solos (16th), duets (23rd) and groups (30th) by various contemporary choreographers.
Maria José Fazenda teaches at Lisbon Polytechnic Institute’s Higher College of Dance.
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