A Resistível Ascensão de Arturo Ui foi escrita em 1941 por Bertolt Brecht durante o exílio na Finlândia. Tendo como pano de fundo a cidade de Chicago e as guerras entre gangsters, o autor pretendia demonstrar ao mundo como se deu a ascensão de Hitler e do Nazismo, afirmando: “É preciso esmagar os grandes criminosos políticos: e esmagá-los através do ridículo. Pois não são sobretudo grandes criminosos políticos, mas sim autores de grandes crimes políticos, o que é bem diferente.”
Numa sociedade do espectáculo baseada mais em mecanismos de manipulação das imagens do que no crescimento pessoal e na construção participada de uma comunidade possível, a retórica substituiu a ética, transformando as práticas sociais em batalhas onde em vez do mérito há lobbies e favorecimentos. Brecht deixa-nos com este texto um valioso instrumento para pensar o mundo, através de uma paródia sobre vilões e homens bons, todos corruptíveis. É isto que nos motiva. É no tom caricatural, risível e por vezes ridículo com que o autor esboça estas personagens que encontramos uma forma de comunicar.
A Truta nasceu em 2003 por iniciativa de um grupo de jovens criadores que desejavam explorar vários discursos e linguagens nas artes do espectáculo, de acordo com os interesses das pessoas que formam cada projecto, e numa constante evolução e adaptação às questões dos dias de hoje. Esta criação teatral é mais uma ocasião para reunir os colaboradores habituais e convidar novos, depois de A Força do Hábito de Thomas Bernhard (2003), Da Mão para a Boca de Paul Auster (2005) e Da Felicidade (2006).
Título original Der aufhaltsame Aufstieg des Arturo Ui (1941)
Direcção Joaquim Horta
Tradução José Maria Vieira Mendes
Cenografia e figurinos Marta Carreiras
Desenho de luz Daniel Worm D’Assumpção
Música original Filipe Melo gravada por Otto Pereira, António Jorge Nogueira (violinos), Sandra Raposo (viola d’arco), Carlos Jorge Nogueira (violoncelo), Filipe Melo (piano), Bruno Pedroso (percussão)
Interpretação Carlos Alves, Duarte Guimarães, Gonçalo Amorim, Joaquim Horta, Paula Diogo, Pedro Martinez, Raul Oliveira, Rúben Tiago, Sílvia Filipe, Tónan Quito
Produção Henrique Figueiredo, Patrícia Costa
Uma co-produção Truta / Culturgest
Projecto financiado pelo Ministério da Cultura / Direcção Geral das Artes
Agradecimentos Centro Cultural de Belém, Walter Teerling, Soazilope, Lda., Teatro Meridional
Brecht wrote The Resistible Rise of Arturo Ui in 1941 during his Finnish exile. The background is Chicago and the gangster wars, which he used to explain the rise of Hitler and the Nazis. In a society where image manipulation is more important than personal growth and a joint construction of a different community, rhetoric has replaced ethics and social practices are battles where lobbying takes the place of merit. Brecht leaves us with this text a valuable tool to think about the world, through a parody of villains and good guys, all of them corruptible.
This play is yet another chance to get together the members of Truta with new collaborators, in order to continue exploring different languages of the performing arts and at the same time talking about the world we live in.
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