Nesta época ‘de crise’, como convivemos com o dinheiro (ou com
a sua falta)? Estarão o dinheiro e a felicidade estreitamente ligados?
Anthony Trollope, no século XIX, inspirou-se em escândalos financeiros
para contar, em The Way We Live Now (1875), várias histórias
– entre elas a de Lady Carbury, que recorre à escrita para sobreviver
e manter a sua ‘reputação’ – que ilustram a corrupção económica,
moral, política e intelectual, do seu tempo. Durante os séculos
XVIII e XIX, esta questão foi alvo de escrutínio por parte de pensadores
e analistas económicos. Em Candide (1759), Voltaire remete
a felicidade, enigmaticamente, para a forma como “cultivamos o nosso
próprio jardim” e critica asperamente o consumismo desregrado. Do
século XVIII para o XIX, o dinheiro – heranças, investimentos, especulações
– foi o centro das atenções como nos mostra William Thackeray em
Barry Lyndon (1844) e Vanity Fair (1848), dois
romances que satirizam uma sociedade dependente do ‘vil metal’,
recuperando a tradição picaresca de Henry Fielding (Tom Jones,
1749).
Nesta Comunidade, começaremos por Alain de Botton e a sua análise
do conceito de status contemporâneo, cuja fragilidade se
revelou no crash económico recente. Com Amis, revisitaremos
um clássico que ilustra os excessos dos anos 1980 e, com Fitzgerald,
mergulharemos na plena nostalgia de um breve tempo de abundância.
Henry James mostra-nos o lado sombrio do dinheiro e o seu poder
manipulador, o que acontece, também, na recordação de Duras, condenada
a uma pobreza abjecta na remota Indochina. Para terminar, Jane Austen
revela a sua atitude em relação ao dinheiro no seu romance mais
inquietante. Através destas leituras discutiremos o lugar dos bens
materiais na vida dos seres humanos que, afinal, parecem não ter
mudado muito, ao longo dos tempos.
Helena Vasconcelos
28 de Janeiro
Status. Ansiedade
Alain de Botton, Ed. Dom Quixote
11 de Fevereiro
Money
Martin Amis , Ed. Teorema
25 de Fevereiro
O Último Magnate
Scott Fitzgerald, Ed. Relógio D’Água
4 de Março
Washington Square
Henry James, Ed. Europa-América, Ed. Estampa como “A Herdeira”
18 de Março
Uma Barragem Contra o Pacífico
Marguerite Duras, Ed. Difel
25 de Março
O Parque de Mansfield
Jane Austen, Ed. Europa-América
In this time of crisis, how do we view money? Are
money and happiness linked? In the 19th century, Anthony Trollope
used financial scandals to portray corruption in The Way We
Live Now. In Candide (1759) Voltaire criticized untrammelled
consumerism. Thackeray’s Barry Lyndon and Vanity Fair
satirized inheritance, investment and speculation in the picaresque
manner of Fielding’s Tom Jones.
These readings start with Alain de Botton’s analysis of status.
Through Amis we revisit the excesses of the 1980s, and Henry James
reveals the dark side of money and its power to manipulate. Finally,
Jane Austen offers her views on money in her most disturbing novel.
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