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Ópera · Sexta 3 e Sábado 4 de julho de 2009
21h30 · Grande Auditório· Duração aprox. 1h00

Jerusalém
Ópera de câmara de Vasco Mendonça. Libreto de Gonçalo M. Tavares.


© João Vasco de Almeida

Folha de Sala (pdf)

Classificação: M/12

O mundo de Jerusalém é um mundo habitado por seres incompletos, mutilados, em queda. Prisioneiros da memória, transportam com eles sinais inconfundíveis do que são, de onde vêm, movendo-se e agindo no presente por reacção a um passado de escuridão que se recusa a adormecer.
Das suas vidas, é-nos dada a conhecer uma noite (e o que a prepara), porventura a única noite: a noite do sacrifício, a noite da revelação. A noite em que, cedendo ao peso da sombra, entram em colisão, cumprindo finalmente o seu destino.
Em Jerusalém, este universo expressionista é-nos mostrado por uma linguagem rigorosa, quase científica, em que redução e objectividade são factores essenciais; uma linguagem para além da moral, em que o mundo dos sentidos se revela abruptamente pelas palavras da razão.
Desvendar a música da noite e dos seres de Jerusalém é traduzir este equilíbrio para uma outra linguagem. Consciente dos limites da inteligibilidade na tradução artística, sinto particularmente próximas as questões levantadas por Jerusalém; o seu universo narrativo algures entre um passado longínquo e um presente cada vez mais urgente e ainda por definir; a sua linguagem objectiva e precisa que descreve objectos de grande expressividade; por fim, a sua deliberada recusa em propor uma moralidade, preferindo uma observação silenciosa e atenta.
Vasco Mendonça

Tudo inclinado em direcção a um ponto. Os acontecimentos de há vários anos, o que antes não terminou, o que exigia vingança ou satisfação do desejo, tudo caiu para ali, como se aquela noite fosse um espaço, um recipiente.
Talvez algumas personagens de Jerusalém não acreditem que alguém possa ressuscitar ao fim do terceiro dia, mas certamente acreditam que o mesmo homem pode voltar a cometer outro assassinato três dias depois. E não se trata aqui apenas de falta de fé, mas de uma fé errada, má.
Sei que há esta sujidade que não larga a existência, mas apesar de tudo parece-me que Jerusalém é para homens e mulheres crentes. Não me orgulho disso, pelo contrário, mas Jerusalém talvez ainda não seja para mim.
Gonçalo M. Tavares

 

Direcção musical Cesário Costa
Maestro assistente Hernâni Petiz
Encenação e cenário Luis Miguel Cintra
Desenho de luz Daniel Worm
Guarda-roupa Ana Simão
Intérpretes Theodor Busbeck – Luís Rodrigues; Mylia Busbeck – Alexandra Moura; Ernst Spengler – Manuel Brás da Costa; Kaas Busbeck – Manuel Ferrer; Hanna – Inês Madeira; Hinnerk Obst – João Rodrigues
Orquestra Metropolitana de Lisboa
Produção executiva Vera Herold
Produção DuplaCena
Duplacena é uma estrutura financiada pela Direcção-Geral das Artes / Ministério da Cultura

 

The world of Jerusalém is inhabited by incomplete, mutilated, falling beings, bearing the unmistakable marks of what they are and where they come from, reacting to a dark past that will not rest. They demand revenge, or the satisfaction of a desire. It all boils down to one night: their night of sacrifice and revelation, where they finally achieve their destiny.
This expressionist universe is minimalist and objective, where the world of the senses is revealed by the words of reason, but without the imposition of morality. Some of Jerusalém’s characters may not believe that someone can be resurrected after three days, but they certainly believe that the same man can commit another murder three days later.

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