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Conferências · 3ª FEIRAS 3, 17, 24 E 31 de Março de 2009
18h30 · Pequeno Auditório · Duração 2h00

A Moeda Viva
Por Rui Trindade


* Levantamento de senha de acesso 30 minutos antes do início da sessão, no limite dos lugares disponíveis.
Máximo: 2 senhas por pessoa.)

Em 1970, Pierre Klossowski – cujo pensamento influenciou intelectuais tão diversos como Georges Bataille, Gilles Deleuze ou Jean-François Lyotard – publicou um pequeno livro, delicado e intenso, a que chamou A Moeda Viva.
O livro é uma espécie de fábula, misturando registos diversos, e seduz pela formulação condensada que faz de muitas das ideias de Klossowski, nomeadamente no que toca à visão das sociedades como estruturas cuja economia assenta não em bens materiais, mas em investimentos pulsionais e afectivos, que se transfiguram e interligam no corpo social.
Este conjunto de conferências toma como ponto de partida a ‘fábula’ de Klossowski para reflectir sobre algumas dimensões da nossa contemporaneidade, em especial sobre aquelas que, nesta fase de desmaterialização do capitalismo, prefiguram relações e vivências cujos contornos parecem ecoar, à distância, o pensamento de Klossowski.
Começaremos por abordar a questão da ‘celebridade’ nos nossos dias enquanto espelho de uma economia ‘sem valores’, cuja ‘moeda forte’ se traduz na capacidade de produzir ‘mais-valias’ de notoriedade e, assim, incrementar retornos.
Olharemos de seguida para os estudos que têm sido realizados sobre o modo como é hoje gerida a ‘vivência’ do dinheiro, isto é, as emoções, os afectos e as representações que emergem num mundo dominado pela monetarização do quotidiano.
Esta questão liga-se, por seu turno, à própria evolução do capitalismo no século XX. Não é por acaso que a ‘depressão’ se tornou na grande epidemia ‘pós-moderna’. O que aqui se propõe é uma viagem pelo século XX que mostre como os ‘modos de vida’ e a organização económica e social passaram de uma norma assente na culpabilidade e na disciplina para uma outra em que, perante o desaparecimento das ‘grandes narrativas’ ideológicas, cada um é suposto tratar de si. Para aqueles que não suportam o fardo de construir a sua própria ‘narrativa’ a alternativa é o colapso, a depressão.
Finalmente, tentaremos averiguar que espaço sobra para o dom e a dádiva nas nossas sociedades ‘utilitárias’.
Rui Trindade

Rui Trindade nasceu em Lisboa, em 1954. Formado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tem trabalhado sobretudo na área da Comunicação quer no jornalismo, quer na produção de eventos.

3 de Março
Dias de Glória - A celebridade como padrão-ouro do capitalismo ficcional
17 de Março
Investimentos SA - Dinheiro & Afectos
24 de Março
O cansaço de mim - O capitalismo: da culpa à depressão
31 de Março
Trocos & Trocas - A monetarização da vida quotidiana

In 1970, Pierre Klossowski published a book called La Monnaie Vivante: a fable condensing his thoughts on societies based not on material goods, but rather on emotion.
These talks take his fable as a starting point for reflection on today’s society, especially where it echoes his thought: firstly the economics of celebrity; then how emotion and affection arise in a money-based world. We will see how in the 20th century we moved from a situation of responsibility to one where everyone looked after himself. Finally we will look at whether there is room for giving in our societies.
Rui Trindade studied history at Lisbon University and has worked as a journalist and in event production.