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DANÇA/PERFORMANCE · Quarta 18 e quinta 19 de Novembro de 2009
21h30 · Palco do Grande Auditório· Duração 1h00

Nada. Vamos ver.
De Gustavo Ciríaco. No âmbito do Festival Temps d’Images.


© Paula Kossatz
Folha de Sala (pdf) Classificação: M/12

Algumas histórias. A do público. A do performer. Um ponto de encontro: a sala de espectáculo. Um espaço de expectação, de convivência, de evasão. Um espaço de códigos compartilhados. Nada. Vamos ver começou com uma questão: como tornar visível aquilo que está presente e constitui a situação de um espectáculo de dança em um teatro. Como explicitar o óbvio, o já acordado, porém já esquecido na relação público-performer?
Em um desenho chamado Nada. Ello dirá. (Nada. Vocês verão.), onde um cadáver escreve a palavra “Nada” em uma pedra, o pintor espanhol Goya faz uma alusão à expectativa diante da morte, da evasão do mundo material e da ausência de divino, de um nada ao qual todos estaríamos destinados. Um mundo sem Deus. Sem além.
De modo estranhamente similar, o lugar físico do teatro está associado a uma série de expectativas que produzem um certo além, um certo transpor de realidade, de evasão mesmo, onde há a criação de dois tempos, dois campos aparentemente separados, na claridade da cena e na escuridão da plateia.
Gustavo Ciríaco

Gustavo Ciríaco é bailarino e coreógrafo, ex-cientista político. Questões como presença / presente, identidade pessoal / cultural, percepção e discurso são especialmente constantes em seu trabalho. Desde 1995, desenvolve parcerias com artistas brasileiros e estrangeiros, actuando entre Brasil e Europa em projectos que visitam dança, performance e criações site specific. Entre as suas criações mais recentes, destaca-se Aqui enquanto caminhamos (alkantara, 2006), em parceria com Andrea Sonnberger. Actualmente desenvolve os projectos Vizinhos, parte do programa de Artistas em Residência (Casa Escendida e a Universidade de Alcalá de Henares), em Madrid e do programa de residências do Alkantara, em Lisboa; e Now, um solo para a bailarina francesa Annabelle Pulcini, dentro do quadro do Ano da França no Brasil.

tempsdimages-portugal.com

Concepção e coreografia Gustavo Ciríaco
Criação e performance Francini Barros, Gustavo Ciríaco, Ignacio Aldunate, Leo Nabuco
Assistência de direcção e colaboração artística Flavia Meireles
Bailarina convidada Dyonne Boy
Vídeos Leo Nabuco, Ignacio Aldunate e Gustavo Ciríaco
Bailarino virtual Leo Nabuco e Gustavo Ciríaco
Banda sonora Rodrigo Marçal
Desenho de luz José Geraldo Furtado
Consultor cenográfico Joelson Gusson
Professores de dança Flavia Meirelles, Maria Alice Poppe, Renata Reiheimmer e Joelson Gusson
Administração e produção executiva Fomenta Produções – Carla Mullulo e João Braune
Co-produção Culturgest e SESC São Paulo
Residência Centre International d’Accueil et d’Éxchanges Des Récollets, com apoio do Centre National de la Danse – CND (accueil studio) e do Mica Danses – Paris
Teatro Gláucio Gil, parte do projecto de ocupação Orquestra Improviso, com apoio do Panorama de Dança – Rio de Janeiro

Apoio para pesquisa Prémio Klauss Vianna, Funarte
Estreia SESC, São Paulo, em Fevereiro de 2009

 

Nada. Vamos ver began with a question: how to make visible the constituent elements of a dance show in a theatre? How to explain what is obvious but forgotten in the public-performer relationship?
In a drawing by Goya called Nada. Ello dirá, a dead body writes the word “nothing” on a stone, alluding to expectations in death, escape from the material world and absence of the divine: the “nothing” awaiting us all. A world without God. Without “beyond”.
The theatre also creates expectations that produce a “beyond”, removing one from reality, where two apparently separate worlds are created: the lit stage and the darkened audience.
Gustavo Ciríaco is a dancer and choreographer, and former political scientist.