Do tupi “poro’rog” que significa ‘estrondar’, Pororoca é um fenómeno
natural provocado pelo confronto das águas dos rios com as águas do
mar. Em França é conhecido como ‘mascaret’, no Reino Unido recebe o
nome de ‘bore’, na Índia de ‘macaréu’. No Brasil, acontece na foz do
Rio Amazonas.
Esse encontro violento que pode derrubar árvores e alterar as margens
dos rios é, ao mesmo tempo, um processo frágil, resultado de um delicado
balanço de factores da natureza. “Pororoca” é um encontro de correntes
contrárias. Forma ondas e altera as margens, provoca ruídos e calmaria.
É arrastão, mistura, choque, invasão.
Lia Rodrigues
Para a coreógrafa brasileira Lia Rodrigues, militante de corpo e alma,
fazer arte hoje é restaurar, deslocar, demolir, reparar, preparar o
terreno para que a obra possa existir.
Instalada com a sua companhia na Favela da Maré, no Rio de Janeiro,
onde desenvolve o projecto artístico “Residência Resistência”, Lia Rodrigues
– que se formou inicialmente em dança clássica em São Paulo, criou o
grupo de dança Andança, fez parte da companhia da coreógrafa francesa
Maguy Marin e foi igualmente produtora cultural, tendo criado e dirigido
até 2005 o festival anual de dança contemporânea Panorama Rioarte de
Dança – tem recebido numerosos prémios no Brasil e no estrangeiro pelas
suas criações coreográficas, que têm circulado no Brasil, na Europa
e na América do Norte.