Em Vooum (1999) e No fly Zone (2000), trabalhos que contaram com a colaboração de Daniel Blaufuks, o intérprete era o móbil da paisagem, desenhava o território e era território. O intérprete circulava ora num contínuo por um espaço construído com imagens de um exterior e de viagem (Vooum), ora num lugar fechado e assumidamente artificial (No Fly Zone). Neste novo projecto, a praça é um lugar especial de circulação, o lugar gerado por uma condição nómada, tal como o vídeo da praça exibido em cena. Na praça que atravessamos construímos um lugar ambulante. Representamos e somos representados. Somos a extensão da praça.
Né Barros
Né Barros, coreógrafa e intérprete, tem desenvolvido trabalho quer artístico quer científico. Iniciou a sua formação em dança clássica e, mais tarde, trabalha dança contemporânea e composição coreográfica nos Estados Unidos, Smith College, onde residiu. Fez Doutoramento em Dança (FMH) e Master of Arts in dance studies no Laban Centre, em Londres. Frequentou a Faculdade de Ciências do Porto e concluiu o Curso Superior de Teatro (ESAP). Para além do balleteatro, onde apresenta trabalhos desde os anos noventa, fez exo para Ballet Gulbenkian e Passos em Branco para o estúdio coreográfico da C.N.B. (Prémio Melhor Coreografia). Fez a reconstrução dos Ballets Neo Concretos de Lygia Pape (2000). Como actriz, fez cinema e teatro e realizou vídeo-dança. Investigadora no Grupo de Estética, Política e Artes do Instituto de Filosofia e no Centro de Estudos Arnaldo Araújo. Editou Metamorfoses do sentir que teve como convidado central o filósofo Mario Perniola. Tem diversos artigos publicados e, em 2009, publicou o livro Da Materialidade na dança e, em co-autoria, Story Case Print.
É co-fundadora e membro da direcção do balleteatro.