O doclisboa presta este ano homenagem a uma figura tutelar, referência máxima e fundadora do cinema documental: Joris Ivens, o holandês voador (1898-1989).
A monumental obra de Ivens, rodada nos 5 continentes, foca as principais transformações históricas, sociais e políticas do mundo ao longo do século XX e permite traçar um retrato fascinante de um universo em rápida transformação.
Viajante ímpar, Joris Ivens é também um exemplo do cruzamento entre a poesia da imagem (Chuva, A Ponte, La Seine a Rencontré Paris) e da participação política (Terra de Espanha, Paralelo 17). A sua companheira e co-realizadora de mais de uma dezena de filmes, Marceline Loridan-Ivens, sobrevivente dos campos de extermínio nazis, estará em Lisboa para uma masterclass onde discutirá o seu próprio percurso e o de Joris Ivens, através da história do cinema.
Dois outros cineastas de referência absoluta estarão presentes no doclisboa, com mostras retrospectivas e debates públicos: Jørgen Leth e Marcel Ophüls.
O país convidado do doclisboa 2010 é a Suíça, onde o cinema documental é marcado por um cruzamento permanente de culturas e línguas dentro da própria Europa.
A secção temática do festival intitula-se este ano «A Cidade e o Campo» e parte da matéria eminentemente cinematográfica constituída por este binómio. O documentário português, que o doclisboa procura sempre promover, terá destaque na secção de abertura, com a estreia absoluta do aguardado filme de Miguel Gonçalves Mendes sobre a relação entre José Saramago e Pilar del Rio (José & Pilar), rodado ao longo de quatro anos, e co-produzido por El Deseo (Almodóvar, Espanha) e 02 (Fernando Meirelles, Brasil).
As obras de destaque no último ano (apresentadas em Berlim, Cannes ou Veneza) estarão presentes nas várias competições, com curtas, médias e longas-metragens de criação, bem como na secção «Investigações».
Finalmente, os «Riscos», secção de fronteira, reúne os mais recentes filmes que estabelecem a ponte entre a ficção, o ensaio e o documentário.