Não anda propriamente nas bocas do mundo esta Jamie Baum, talentosa flautista do jazz contemporâneo; mas os observadores e conhecedores atentos da cena do jazz norte-americano vêem na sua trajectória musical um percurso altamente inovador em termos instrumentais e composicionais. Revelando um apurado conhecimento das possibilidades expressivas dos instrumentos que compõem o seu septeto – e escolhendo como intérpretes a nata do melhor jazz actual – Jamie Baum tem vindo a impor-se como uma criadora que sabe tirar partido da componente escrita do jazz (um aspecto primordial da sua música), mas sem que os rigores da composição limitem a liberdade de improvisação e a harmoniosa inserção desta na música pré-determinada. Estudiosa dos compositores eruditos – e, acima de tudo, influenciada pelos grandes autores seus compatriotas – Jamie Baum sabe evocar, como poucos, essas influências, tornando o seu jazz particularmente original e exigente. É por isso que o seu projecto mais recente (Solace) mais uma vez reflecte esses princípios de composição, não apenas nas suas próprias obras como ainda na assim intitulada The Ives Suite, peça inspirada em duas obras-chave do repertório de Charles Ives, cujos processos de instrumentação e inovações orquestrais a deixaram completamente rendida e cuja interpretação estará certamente presente neste concerto.