Dave Burrell é dono de um vocabulário que percorre a história do jazz desde as suas raízes, o gospel, o blues, até às suas manifestações mais vanguardistas. É habitual vê-lo articular com a maior fluidez a aparente simplicidade de um boogie ou do ragtime com um trabalho rítmico, abstracto, metafísico, tributário tanto de Jelly Roll Morton como de Coltrane ou Leonard Bernstein.
Desde os seus tempos de estudante na escola de música de Berklee, atravessando a revolução do free e do jazz de vanguarda de Nova Iorque dos anos de 1960, até ao seu cruzamento com os músicos de Chicago do AACM (Association for The Advancement of Creative Musicians, criada em 1965 em torno de um grupo de músicos liderado pelo pianista Muhal Richard Abrams) em Paris pós Maio de 1968, até ao tempo presente, Burrell tem-se mantido, com altos e baixos de notoriedade, como um dos grandes pianistas da história do jazz.
Depois de uma fase de cerca de dez anos de relativo afastamento público, volta aos palcos estimulado pelo saxofonista David Murray no final da década de 1980. Ao longo da sua extensa carreira, Burrell participou em mais de 115 gravações, 30 das quais como líder.
Neste concerto apresenta, além de algumas das suas composições mais importantes, um repertório de vários standards de Gershwin, Monk ou Ellington, que vem revisitando e desconstruindo há décadas. Um solo de piano que funciona como uma preciosa oportunidade para ver a história da música de um país reinventar-se perante nós pelas mãos de quem tem ajudado a defini-la.
Piano Dave Burrell
Dave Burrell’s vocabulary spans the whole history of jazz. It is not unusual for him to flow from the seeming simplicity of boogie or ragtime into a rhythmic, abstract, metaphysical passage, influenced as he is by Jelly Roll Morton, Coltrane and Leonard Bernstein.
Throughout his career, from student days through the New York avant-garde and free jazz revolution of the ‘60s to the present day, Burrell has always been one of the greatest jazz pianists. During his long career he has played on over 115 recordings, 30 of which as band leader.
At Culturgest he will revisit and deconstruct a range of standards – a chance to see one country’s jazz history being reinvented before our eyes by a man who helped to define it.
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