Este ciclo de quatro sessões parte de uma citação de Coleridge
de 1798, na qual afirmava que era uma “voluntária suspensão da incredulidade
(willing suspension of disbelief) que momentaneamente cria a crença
poética”.
Esta afirmação merece ser confrontada com a forma como a arte moderna
veio a desestabilizar a relação de crença nos processos de produção
de imagens, esticando esta relação de suspensão até à sua queda,
até ao momento no qual as imagens não possuem qualquer processo
que nos oriente nas suas teias.
O centro deste ciclo será, assim, o da avaliação sobre os processos
de relação com as imagens, a dimensão corporal e os espaços que
resgatam este processo nas suas várias vertentes.
O projecto de cada uma das sessões é o de partir de situações concretas
na arte do século XX e verificar as consequências do processo de
avaliação permanente das condições de possibilidade da arte que
é inerente ao modernismo, como se a tentativa de testar os transcendentais
da arte fosse uma missão inescapável. Neste sentido, não há arte
de hoje que se possa exercer sem passar pela sua condição de possibilidade
e, portanto, pela sua modernidade.
Morto o modernismo, a questão do moderno não fica demitida. Podemos
mesmo acreditar que o modernismo, na sua permanente fibrilação,
é regularmente tratado a golpes de desfibrilador transcendental
pelo discurso crítico que o viabiliza como corolário da necessária
consciência do tempo moderno.
Este desfibrilador funciona movido a crença. É dela que vamos tratar.
Delfim Sardo
Delfim Sardo nasceu em 1962. É docente da Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra. Tem repartido a sua actividade pela crítica
e ensaística sobre arte, a curadoria e o ensino. É o curador da
Trienal de Arquitectura de Lisboa 2010.
Entre as suas publicações destacam-se Luxury Bound, A Fotografia
de Jorge Molder (Lisboa 1999), Helena Almeida, Pés no Chão,
Cabeça no Céu (Lisboa 2004), Pintura Redux (Porto,
2006), A Visão em Apneia (Lisboa 2009).
QUA 10 de Fevereiro
A crença na pintura
QUA 17 de Fevereiro
A crença no corpo
QUA 24 de Fevereiro
A crença no espaço
TER 2 de Março (Grande Auditório)
A crença nas imagens que se mexem num ecrã
These four sessions are based on a 1798 quotation
from Coleridge that it is a “willing suspension of disbelief for
the moment, which constitutes poetic faith”. Delfim Sardo examines
whether that statement is borne out in the way in which Modern art
destabilizes our faith in the process of producing images.
Each session’s starting point will be a real situation in 20th-century
art. Although Modernism is dead, it has not been forgotten: critics
regularly subject it to shocks by transcendental defibrillator,
and that is what she will be examining.
Delfim Sardo is a lecturer at the Faculty of Arts of Coimbra University,
and is also an art critic and essayist, and curator of the 2010
Lisbon Architecture Triennial.
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