Sem título, 2010 · Cortesia Galeria Distrito 4, Madrid
Curadoria Miguel Wandschneider
Antes da densa e pormenorizada apresentação em Lisboa do seu trabalho de desenho no período entre 1990 e 1996, a Culturgest acolhe no Porto uma outra exposição de José Loureiro, que contrasta em tudo com aquela: quatro grandes pinturas, inscritas com precisão cirúrgica na arquitectura do espaço expositivo, dão conta, de modo parcimonioso mas incisivo, dos mais recentes desenvolvimentos da sua pintura. Desde 1994, mais concretamente, desde a série Palavras Cruzadas, o artista tem-se dedicado a uma aturada pesquisa no campo da pintura abstracta, introduzindo e explorando, uma série após outra, novas ideias (visuais) e possibilidades, num permanente e inconformado questionamento sobre a pintura, sobre o fazer da pintura, mas também sobre o seu lugar e o seu sentido num mundo sobrecarregado de imagens e de mensagens. No transcorrer dessa prática, ao longo de dezassete anos, observamos um movimento espiralado de mudança, que caminha no sentido de uma progressiva depuração, de uma crescente elementaridade, desde as pinturas saturadas de grelhas ou de tramas de bolas, produzidas entre 1994 e 1998, até chegar a estas pinturas de ecrãs brancos dinamizados por “molduras” de intensa vibração e de concentrada energia.
In parallel to the dense and detailed presentation in Lisbon of his drawing work from the period between 1990 and 1996, Culturgest is also hosting another exhibition of José Loureiro’s work in Porto, which provides a complete contrast to the former: four large paintings, set with surgical precision within the architecture of the exhibition space, give a parsimonious but incisive account of the most recent developments in his painting. Since 1994, more precisely since the Crosswords series, the artist has devoted himself to constant research in the field of abstract painting, one series after another, introducing and exploring new (visual) ideas and possibilities in a permanent, restless examination of painting, of the act of painting, but also questioning its place and its meaning in a world that is swamped with images and messages. In the course of that practice, over the last seventeen years, we can observe a movement of change spiralling towards a progressive simplification, an ever-greater elementariness, beginning with the paintings saturated with grids or interwoven patterns of balls, produced between 1994 and 1998, and finally arriving at these paintings of white screens enlivened by intensely vibrating “frames” of concentrated energy.