CLOUD é um work-in-progress que sofreu várias mudanças antes mesmo de ser revelado ao público. E o mais natural é que mais algumas aconteçam durante a sua apresentação e depois. O seu ponto de origem está no cruzamento de várias ideias, como um entendimento surrealista do espaço de actuação e do factor “entretenimento” e a possibilidade de a audiência se mover durante a performance, tendo em conta que um erro na escrita de “cloud” (nuvem) pode tornar a palavra em “could”, uma potencialidade. A nuvem é uma entidade modular de processamento da informação, mas também o suporte em que se imagina a existência de seres sobrenaturais.
Os materiais de CLOUD são organizados segundo micro-histórias, contadas por registos áudio até agora mantidos secretos, realizados durante um longo período em vários continentes, mas sempre no mesmo tipo de localização, esbatendo as definições que opõem público e privado, regular e excepcional, seguro e infiltrado. É a peça complementar de uma composição radiofónica conceptual intitulada CROWD e que terá a sua estreia em 2012.
O trabalho do alemão Marc Behrens consiste essencialmente na criação de música electrónica concreta e instalações, ocasionalmente também trabalha com fotografia e vídeo. As suas mais recentes actividades abrangem viagens para efectuar gravações sonoras de campo no remoto oeste da China e da floresta da Amazónia. Behrens tem realizado performances e exposições por toda a Europa, Médio Oriente, África do Sul, América do Norte e Leste da Ásia e colaborado com Jeremy Bernstein, Ana Carvalho, Bernhard Günter, Nikolaus Heyduck, Francisco López, Paulo Raposo e Achim Wollscheid, entre outros.
Sobre o ciclo
No seu poema An Anna Blume, Kurt Schwitters referiu-se em 1919 aos “vinte e sete sentidos” da sensorialidade – se tal pareceu então o delírio de um visionário, é finalmente uma realidade neste tempo de derrube das fronteiras entre as artes.
Já não há nichos criativos, apenas diferentes campos de acção artística que cada vez mais se encontram e se entrecruzam.
Integrando os mundos do som, da imagem e/ou do movimento, e adoptando em simultâneo os formatos de instalação e de performance, a série “Vinte e sete sentidos” abre as portas da percepção e da sinestesia.