Sobre o ciclo “Vinte e sete sentidos”
No seu poema An Anna Blume, Kurt Schwitters referiu-se em 1919 aos “vinte e sete sentidos” da sensorialidade – se tal pareceu então o delírio de um visionário, é finalmente uma realidade neste tempo de derrube das fronteiras entre as artes. Já não há nichos criativos, apenas diferentes campos de acção artística que cada vez mais se encontram e se entrecruzam. Integrando os mundos do som, da imagem e/ou do movimento, e adoptando em simultâneo os formatos de instalação e de performance, a série “Vinte e sete sentidos” abre as portas da percepção e da sinestesia.
A Vénus de Pistoletto #4
Elaborada essencialmente com o recurso a objectos do quotidiano e a tecnologia lo-fi,esta peça musical baseia-se nos conceitos da Arte Povera, numa particular homenagem ao artista plástico Michelangelo Pistoletto. Para além dos instrumentos habituais de Emídio Buchinho e Carlos Santos– respectivamente a guitarra eo computador –, o recurso a utensílios motorizados ou electrónicos, assim como a objects trouvés (materais “pobres”, nomeadamente folhas e galhos de árvore, papel, etc.) são os componentes essenciais de Vénus de Pistoletto. Trata-se de um misto de instalação / performance,encontrando-se o espaço repleto de pequenos mecanismos que dão corpo a uma actividade quase “fabril” na sua manipulação física. O espectador é convidado a mergulhar neste envolvimento sonoro.