Som Alvo é uma estória auditiva e visual dos últimos anos, na perspectiva pessoal e subjectiva do autor. Recorre a gravações-de-campo (e de-cidade), posteriormente triadas e editadas e, nesta ocasião, com a companhia de instrumentos e de manipulação em tempo real, procede à construção sonora de um rol de paisagens e ambientes. Os ouvintes e observadores (projecção de imagens fixas e em movimento) serão convidados à imersão e ao confronto de realidades acústicas dissimilares, ou à surpresa de emparelhamentos improváveis. Vales amplos, montanhas íngremes, cidades conturbadas, micro-sons velados. Luz branca.
Nuno Morão estuda composição, órgão de tubos, piano, bateria, percussão variada e uma panóplia de instrumentos de plástico. Pratica a improvisação. Trabalha como músico, compositor e sonoplasta (música original e desenhos de som para teatro, dança, performance, instalação, cinema, web, audiolivros e novos media), e também como operador, director, montador e misturador de som (desenho, captação, edição, montagem e mistura de som para cinema documental e de ficção). Foi aluno no IGL, FLUL, UA, ESML e UE. Co-fundou o Teatro NÃO e iniciou o projecto UR (com André Sier). Foi director técnico do Escrita na Paisagem. É colaborador do PARQUE (Ricardo Jacinto). Membro do Ensemble JER desde 2001. Actua em vários projectos de música espontânea, improvisada e jazz. Passeia, recolhe e fotografa.
Sobre o ciclo
No seu poema An Anna Blume, Kurt Schwitters referiu-se em 1919 aos “vinte e sete sentidos” da sensorialidade – se tal pareceu então o delírio de um visionário, é finalmente uma realidade neste tempo de derrube das fronteiras entre as artes.
Já não há nichos criativos, apenas diferentes campos de acção artística que cada vez mais se encontram e se entrecruzam.
Integrando os mundos do som, da imagem e/ou do movimento, e adoptando em simultâneo os formatos de instalação e de performance, a série “Vinte e sete sentidos” abre as portas da percepção e da sinestesia.