São oito realizadores de uma mesma geração que se apresentam aqui, numa mostra que reúne alguns dos mais interessantes filmes produzidos na Hungria nos últimos anos.
Certos nomes, quer de filmes quer de realizadores, não são já desconhecidos do público português, seja do cinema ou do teatro, seja de sessões anteriores em salas do país ou dos festivais internacionais.
Todos os realizadores nasceram na década de 1970, à excepção de Csaba Bollók (A Viagem de Iszka), cerca de dez anos mais velho. É um novo cinema húngaro que vem depois de Béla Tarr, de István Szabó, de Miklós Jancsó, e por caminhos alternativos.
Num intervalo que vai de 2002 (Hukkle) a 2010 (Adrienn Pál), estes oito filmes experimentam as diferentes opções que caracterizam o trabalho dos seus realizadores que, apesar de partilharem experiências e contextos, não são vistos, nem se vêem, como elementos de um grupo coeso ou escola. Podem talvez coincidir em alguma distanciação em relação ao que filmam, numa certa indiferença anti-emocional, num realismo despojado de sucesso e de felicidade, numa vertente documentarista real ou moldada. Afastam-se, no entanto, em termos de ritmo, de montagem e de tratamento do texto – veja-se por exemplo o silêncio e o estatismo de Via Láctea ao lado do perverso onírico-literário de Bibliothèque Pascal ou do policial desconstruído em O Investigador – ou no modo como captam e retratam uma nova sociedade húngara: ainda idealista ou ingénua em Doce de Leste, mas já desintegrada e destacada do mundo em Delta.
Quarta-feira 15, 21h30
Delta
Realização: Kornél Mundruczó, Hungria / Alemanha, 2008, 96’, 35mm · Com legendas em inglês e português · M16
O filho pródigo regressa por fim a casa dos seus pais numa pequena aldeia romena na região do delta do Danúbio mas rapidamente percebe que apenas há espaço para si numa cabana, isolado do resto da família.
Quinta-feira 16, 18h30
A Viagem de Iszka
Realização: Csaba Bollók, Hungria, 2007, 92’, 35mm
Com legendas em inglês e português · M12
Iszka tem doze anos, vive na rua numa aldeia mineira sem nome, não anda na escola, pede esmola, foge de casa, foge também do orfanato até ser apanhada na rede do tráfico humano e levada para a região do Mar Negro.
Quinta-feira 16, 21h30
O Investigador
Realização: Attila Gigor, Hungria / Suécia / Irlanda, 2008, 107’, 35mm · Com legendas em português · M16
Reservado e introspectivo, o patologista forense Tibor Malkáv não tem família para além da sua mãe, doente com cancro. Inesperadamente, mas sem qualquer sobressalto, acaba por protagonizar um invulgar jogo de identidades entre vítima e assassino.
Sexta-feira 17, 18h30
Doce de Leste
Realização: Ferenc Török, Hungria, 2004, 89’, 35mm
Com legendas em inglês e português · M16
Para escapar ao tédio de uma vida sem emprego na sua aldeia do remoto leste da Hungria, três amigos decidem tentar a sorte trabalhando, na época alta do verão, num dos muitos hotéis do lago Balaton.
Sexta-feira 17, 21h30
Adrienn Pál
Realização: Ágnes Kocsis, Hungria / França / Áustria / Holanda, 2010, 136’, 35mm
Com legendas em francês e português · M16
Piroska é enfermeira na Unidade de Cuidados Paliativos de um hospital de Budapeste e diariamente observa impassível uma parede de monitores cardíacos e tentativas falhadas de reanimações. Motivada por um aparentemente desdramatizado contacto com a morte, Piroska procura reconstruir as suas difusas memórias de infância.
Sábado 18, 16h00
Hukkle
Realização: György Pálfi, Hungria, 2002, 78’, Beta SP
Com legendas em inglês e português · M12
Numa pequena comunidade rural, homens e animais são retratados através de sucessivos postais. Neste ambiente bucólico, quase sem palavras, a polícia investiga, porém, possíveis homicidas e inscreve subtilmente no filme um famoso e bizarro episódio da Hungria dos anos 1910 e 1920.
Sábado 18, 18h30
Via Láctea
Realização: Benedek Fliegauf, Hungria, 2007, 82’, 35mm · M16
Sem diálogos
Uma estrada, uma ponte, o pátio de um prédio, uma colina ao anoitecer, os banhos públicos: ao longo de uma sequência de doze painéis, pessoas anónimas interagem subtilmente através de movimentos pontuais e de acções mínimas como num álbum habitado.
Sábado 18, 21h30
Bibliothèque Pascal
Realização: Szabolcs Hajdu, Alemanha / Hungria / Reino Unido / Roménia, 2010, 105’, 35mm · Com legendas em húngaro e português · M16
Uma mãe solteira, romena de origem húngara, tenta recuperar a custódia da filha e relata a sua história a um assistente social: o encontro com um fugitivo de poderes mágicos, o pacto de morte com o seu pai, a passagem pelo requintado clube de Liverpool: Bibliothèque Pascal.