Por vezes, apenas a mudança de instrumentação num combo convencional é o suficiente para tocar uma música totalmente diferente. No caso do Daniel Levin Quartet desde logo se nota a inexistência de um kit de bateria, e se pensarmos que tal facto anuncia algum tipo de jazz de câmara, coloquemos as coisas a claro desde o início: não é verdade. E Levin ainda torna tudo mais complicado: definiu os papéis de cada interveniente na música – o trompetista Nate Wooley, o vibrafonista Matt Moran, o contrabaixista Peter Bitenc e ele próprio no violoncelo – com o exclusivo propósito de ignorar as predefinições estabelecidas. Assim sendo, não encontramos neste grupo uma secção rítmica formal e os dois instrumentos melódicos não estão necessariamente “à frente”. É necessário acompanhar os trajectos individuais no todo musical sem esperar encontrá-los nos lugares habituais. Só assim é possível seguir o rasto das conversações desenvolvidas, bem como os pequenos jogos de tensão criados. Encontram-se reminiscências da third stream, do cool e do free jazz do início dos anos 1960, mas apenas como tijolos para a construção de uma música inteiramente do nosso tempo.
Daniel Levin é, seguramente, um dos mestres do violoncelo improvisado por estes dias. Com uma formação clássica, a linguagem do jazz foi por si especialmente bem assimilada ao longo das colaborações que manteve com músicos tão distintos quanto Joe Maneri, Tim Berne, Joe McPhee, Billy Bang, Joe Morris e William Parker, entre outros.
Matt Moran toca vibrafone tanto com músicos do jazz mainstream como com os mais vanguardistas.
Nate Wooley é um dos mais importantes inovadores das técnicas e do léxico do trompete na actualidade.
Produto do ensino ministrado no New England Conservatory, o contrabaixista (e também guitarrista e vocalista) Peter Bitenc estudou com Steve Lacy, Cecil McBee e Jerry Bergonzi, entre outros. Activo na cena bluegrass, além da do jazz, dirige o seu próprio grupo, Hunter Gatherer, conhecido pelo híbrido de jazz, blues, country, folk e rock que vem propondo, e participa em muitos projectos, como The Dive Bar Dukes e Heather & The Barbarians, entre outros.