Neste momento B Fachada já não precisará de grandes apresentações, nem será rebatível que é o maior cantautor da geração dele em Portugal, e um dos grandes desde a Revolução de Abril. No final deste Verão editou mais um marco da produção artística nacional, com Deus, Pátria e Família, o seu magnífico bilhete de vinte minutos para José Mário Branco e um verdadeiro manual (deliberadamente mal disfarçado) do que há para pensarmos neste momento tão particular do nosso país.
Aos 26 anos B Fachada possui já uma discografia muito considerável, tendo mantido a promessa dos dois discos ao ano sem qualquer desvio de rota. Tem enchido salas de Norte a Sul com essa raridade que é uma canção portuguesa que não pede desculpa por ser como é, por falar verdades que ficaram silenciadas durante tempo demais. Que soa eminentemente daqui mas em expansão de olhos a brilhar, sem coisas de postal para o turismo autofágico, como demasiadas vezes fizemos nas últimas décadas. Está lá a tradição, voltaram a reivindicação e a proposta concreta; dispensou-se o pudor em cantigas sobre intimidade, com o requinte próprio dos cavalheiros existencialistas e o vigor de um homem que sabe dançar bem, no seu encantador balanço angolano-beirão. A 2 de Dezembro o músico lança novo disco, ‘B Fachada’, novamente baptizado em homónimo tal como o clássico de Inverno de 2009, e novamente ‘uma edição mbari música & b fachada’. Nestas duas noites a encerrar o ciclo de programação da Filho Único para 2011 para o espaço da Avenida dos Aliados, será pois um privilégio ouvir estas canções, de um disco fascinante, que por estas datas todos estaremos a começar a descobrir.
Pedro Gomes / filho único