Entre o final da década de 1960 e 1978, António Palolo (Évora, 1946-Lisboa, 2000) realizou um conjunto extraordinário de filmes e experiências em filme. Os primeiros filmes, ainda em 8 mm, são animações a preto e branco, construídas a partir de procedimentos de recorte e colagem, que associam, com um humor transbordante, imagens retiradas de revistas e elementos geométricos. Os filmes realizados a partir do início da década de 1970, todos em Super 8 mm, incluem Drawings / Lines (1971), uma sequência rítmica de desenhos em contínuo movimento, riscados diretamente na película; Lights (1972-1976), uma sequência de imagens abstratas criadas a partir de diversas experiências de manipulação da luz; Sem título (1972-1976), uma espécie de súmula das experiências cinematográficas do artista desde o final da década de 1960; ou OM (1977-1978), filme genésico, misterioso, em que o pensamento abstrato se transmuta constantemente no concreto da matéria, e o nível microscópico das coisas se permuta com a representação macroscópica do universo. Esta exposição é uma oportunidade única, imperdível mesmo, para conhecer um conjunto de obras e experiências em filme que, apesar da sua enorme importância, não apenas no contexto da obra de António Palolo, mas também na história da arte portuguesa, permanece ainda em grande medida desconhecido dos públicos da arte contemporânea.
Between the end of the 1960s and 1978, António Palolo (Évora, 1946-Lisbon, 2000) made an extraordinary series of films and experiments in film. His first films, shot in 8 mm, are black-and-white animations, constructed according to a cut-and-paste methodology and associating, with great sense of humour, images taken from magazines with geometric elements. The films from the early 1970s onwards, all made in Super 8 mm, include Drawings / Lines (1971), a rhythmic sequence of drawings in continuous movement, directly inscribed onto the film strip; Lights (1972-1976), a sequence of abstract images created from various experiments with light; Untitled (1972-1976), a kind of summary of the artist’s cinematic experiments from the late 1960s onwards; and OM (1977-1978), a mysterious genesis, in which abstract thought is constantly transformed into concrete substance, and the microscopic level of things interchanges with the macroscopic representation of the universe. This exhibition offers a unique opportunity to discover a series of works and experiments in film that, despite their huge importance both in the context of António Palolo’s work and in the history of Portuguese art, still remain largely unknown to contemporary art audiences.