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2012


JAZZ
Gabriel Ferrandini,
Pedro Sousa, Johan Berthling
Ciclo “Isto é Jazz?” · Comissário: Pedro Costa
destaque
© Nuno Martins © Nuno Martins
QUI 8 DE NOVEMBRO
Pequeno Auditório
21h30 · Duração: 1h
5€ (preço único)
M3
Bateria Gabriel Ferrandini Saxofone Pedro Sousa
Contrabaixo Johan Berthling

Uma característica comum têm os músicos portugueses Gabriel Ferrandini e Pedro Sousa com o sueco Johan Berthling: partilham a sua dedicação ao jazz e à música livremente improvisada com um descomplexado gosto pelo rock indie e pelas práticas eletrónicas de dança mais inteligentes. Não estranhará, pois, que esta inédita combinação em trio sob o signo da composição espontânea integre elementos desses outros universos musicais, em manifestações assumidamente trans-idiomáticas, isto é, transversais a vários géneros e estilos de criação sonora.
Nesse âmbito, haverá que contar com outra particularidade: todos os três improvisadores são jovens e o que tocam evidencia a sua idade. Se não é rock (música “adolescente”) o que se propõem fazer em conjunto, a perspetiva que têm das suas próprias práticas é necessariamente jovem. O que daí resultará só poderia ser fresco, rebelde, atrevido e desalinhado. Uma oportunidade a não perder por quem está cansado do mesmo, dia após dia…

 

Gabriel Ferrandini

Nasceu em Monterey, na Califórnia, filho de pai português natural de Moçambique levado em criança para o Brasil e de mãe brasileira com ascendência italiana que se mudou para os Estados Unidos em plena adolescência. Começou a tocar bateria aos 13 anos. Primeiro frequentou a Crescendo, em S. João do Estoril, depois foi para a escola do Hot Clube e finalmente transitou para a Academia dos Amadores de Música, onde teve Alexandre Frazão como professor. Interessou-se inicialmente pelo punk e pelo ska. Depois interessou-se pelo drum‘n’bass, pelo jungle e pelo hip-hop, ao mesmo tempo em que ia descobrindo o jazz. Com um estilo pessoal que se situa entre Paul Lovens e Paal Nilssen-Love, tem os bateristas Elvin Jones, Tony Williams, Billy Higgins, Roy Haynes e Max Roach como os seus heróis. É membro do Red Trio, do Rodrigo Amado Motion Trio e dos Nobuyasu Furuya Trio e Quintet, além de manter duos com Pedro Sousa, Pedro Gomes e David Maranha. Tocou com músicos como John Butcher, Nate Wooley, Jason Stein, Alberto Pinton, Rob Mazurek e Carlos “Zíngaro”, entre outros.

 

Pedro Sousa
Interessado desde a adolescência pelas práticas musicais das franjas, e com formação como autodidata, começou por integrar o grupo de música eletrónica OTO, no qual utilizava samplers e guitarra elétrica. Com os saxofones tenor e barítono tem-se multiplicado por uma série de projetos, como Falaise (com Hernâni Faustino), Pão (com Tiago Sousa e Travassos), Acre (com Filipe Felizardo e Gabriel Ferrandini), Eitr (com Pedro Lopes), Canzana (com Bruno Silva) e duo com Luís Lopes. Afirmou ele: «À luz de todos os acontecimentos que nos têm afetado de uma ou de outra maneira, o mero ruído de fundo, que parecia ser já um trauma inato da sociedade moderna, tornou-se tão gritante que nos rebentou com os tímpanos e o equilíbrio. Vivemos em torpor social, parasitados e afetados. Este pseudo-pacifismo apático afasta-nos de toda uma verdade e o caminho para esta passa por uma questionação interna diária. Chegada é a altura de decidir se carregamos o testemunho até ao fim ou se desistimos.»

 

Johan Berthling

Nasceu na capital sueca e formou-se no Conservatório Real de Estocolmo. Tem percorrido os caminhos do jazz, da música improvisada e do rock alternativo, ao lado de figuras da primeira linha como David Stackenas, Sten Sandell, Fredrik Ljungkvist, Paal Nilssen-Love e Raymond Strid, entre muitos outros. Foi um dos fundadores do grupo de pop experimental Tape, que depressa alcançou um estatuto de culto, dada a original forma como associa instrumentos acústicos com eletrónica digital. Tornou-se num dos mais requisitados contrabaixistas (e baixistas elétricos, tocando ainda teclados e guitarra) da cena escandinava. Integra o trio de free jazz-rock Fire!, liderado por Mats Gustafsson, com este tendo desenvolvido uma colaboração com o mais insigne “renascentista” da atualidade, o sempre desconcertante Jim O’Rourke. Certo, certo é que é tomado como um símbolo da polidiversidade do músico contemporâneo.

The Portuguese musicians Gabriel Ferrandini and Pedro Sousa share with the Swede Johan Berthling their dedication to jazz and freely improvised music with a hint of “indie” rock and the more intelligent forms of electronic dance music. This trio will therefore be playing spontaneous combinations of these various genres in a crossover of different styles and sounds. But there is yet another particularity: all three musicians are young and they show their age by producing fresh, rebellious and daring music. An opportunity not to be missed by those who are tired of their day-to-day life.