Objetos Alves Von Calhau e Marta Von Calhau
Em atividade e operando sob o nome Calhau! e capciosas derivações desde 2006, o casal sediado no Porto, Marta Ângela e João Alves, tem vindo a desenvolver um admirável corpo de trabalho transdisciplinar em artes visuais, filme e música. A sua produção de serigrafias, instrumentos musicais, textos, guarda-roupa & caracterização, e apresentação pública de projeções de filmes, concertos, performances e lectures, evocando referências que vão desde Lygia Clark a Raymond Roussel bem como evidenciando um fascínio pelo “elitismo, às vezes esotérico, de certas manifestações da cultura popular (rural)” como qualificava João César Monteiro, em entrevista por alturas de Vereda, interpelam-nos a considerar as fabulosas dimensões fasciculadas que compõem a sua cosmologia calhauística. Aceites como sedutoramente bizarros no seio da música independente, e eticamente comprometidos com o humor e o ‘saber fazer em contingência’ no tecido das artes visuais, o par prossegue o seu percurso perpassado por constante arrojo e pertinência. Cofundadores do estúdio de artes gráficas Oficina Arara na Invicta, apresentaram-se ao longo dos últimos anos em reputados festivais de síntese performática medial, como o portuense Trama ou o italiano NETMAGE. Em complemento destacam-se a sua participação criteriosa nas Residências ZDB de 2009 ou na 10ª edição do Prémio União Latina – no mínimo, memorável, com a sua peça musical com recurso a um coro levada à cena no Centro Cultural de Cascais – assim como a residência artística no Atelier MTK em Grenoble, onde adquiriram vasto conhecimento de trabalho em película para proveito da sua produção fílmica. No ano passado lançaram o seu primeiro LP, Quadrologia Pentacónica, na editora nacional Rafflesia.
Under the name of Calhau! and other capricious derivations, the Porto-based couple, Marta Ângela and João Alves, have produced a remarkable body of cross-disciplinary work since 2006 in visual arts, film and music – silkscreens, musical instruments, texts, wardrobes and characterisation, public presentation of films, concerts, performances and lectures – highlighting a fascination for the “sometimes esoteric elitism of certain manifestations of (rural) popular culture”.
Accepted as seductively bizarre in the world of independent music and considered as ethically compromised with humor and ‘craft experts in contingency’ in the field of visual arts, their work is always bold and pertinent.