O ponto de partida de En Atendant é a Ars Subtilior, uma forma complexa e altamente refinada de música polifónica do século XIV. A dança controlada e ondulante de En Atendant evoca e homenageia de forma muito bela a natureza pura mas estratificada da música e a dissonância e contrastes pouco comuns que a caracterizam. Diferentes constelações de corpos vão-se desenvolvendo no espaço e no tempo. Os bailarinos esperam à volta do palco vazio, andam, dançam para o centro e para fora do centro. As delicadas transformações da música são espelhadas não apenas pela subtileza e precisão da coreografia mas também pelas mudanças que o espaço físico despojado vai sofrendo. A poeira sob os pés dos bailarinos espalha-se gradualmente por todo o palco, cola-se aos corpos dos performers, é transportada nas correntes de ar provocadas pelos seus movimentos, pela sua respiração. À medida que a escuridão começa a envolver o palco, os corpos dos bailarinos vão-se tornando meras silhuetas, sombras, anunciando o desaparecimento.
In En Atendant, the starting point is Ars Subtilior, a complex and highly refined form of polyphonic music from the 14th century. The subdued, undulating dance in En Atendant beautifully evokes and compliments the pure but layered nature of the music and the dissonance and unusual contrasts that characterize it. Different constellations of bodies unfold in time and space. The dancers wait around the edges of the empty stage, walk, dance into and away from the center. The delicate transformations in the music are not only echoed in the subtlety and precision of the choreography but also in the changes undergone by the clean physical space. The dust underneath the dancers feet gradually travels across the entire stage, attaches itself to the performer’s bodies, is transported by the currents of air produced by their movements, their breathing. As darkness begins to envelop the stage, the dancer’s bodies become mere outlines, shadows, announcing disappearance.