Um ano após o espetáculo a solo de retrospetiva das canções mais emblemáticos da sua carreira, o compositor e escritor brasileiro Vitor Ramil regressa à Culturgest, agora na companhia do prestigiado violonista argentino Carlos Moscardini, músico que o acompanhou na gravação do seu último trabalho discográfico, um belíssimo disco de milongas (ritmo comum ao Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina) a que chamou: délibáb (déli/do sul + báb de bába/ilusão).
Inteiramente baseado neste trabalho que reúne doze milongas, compostas por Ramil a partir de seis poemas do argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) e de seis versos do gaúcho João da Cunha Vargas (1900-1980), Vitor Ramil constrói o universo deste espetáculo, com a cumplicidade e o talento de Carlos Moscardini. Sobre essa colaboração escreveu Vitor: “Estamos de acordo que nossas músicas pertencem a uma mesma querência, que se projetam uma na outra, que se completam e se justificam. Nossos violões parecem achar o mesmo. Se o meu é uma planície, el cielo al revés, de Yupanqui; o dele, é um pensamento que vai longe. Se o meu tem o rigor minimalista do aço; o dele apresenta a doçura criolla do nylon”.
Os poemas de Jorge Luis Borges foram originalmente publicados no seu livro Para Las Seis Cuerdas, e os versos de João da Cunha Vargas, registados pela sua voz em fita, só posteriormente foram publicados no seu único livro Deixando O Pago. A cidade e o campo, o erudito e a cultura popular, conjugados na música de Vitor Ramil. Guardadas as imensas diferenças de vida e obra dos dois poetas, as suas imagens projetam-se nitidamente no horizonte de um Sul mítico: a ilusão do Sul.
délibáb foi considerado um dos 10 Melhores Espetáculos pelo jornal O Globo, do Rio de Janeiro e pela Folha de São Paulo, e um dos Melhores Discos do Ano pela revista brasileira Veja, Rolling Stone (Brasil) e pelos órgãos de comunicação argentinos Diario La Nación, e Revista Ñ do Diario Clarín.