Nascido nas barrelhouses que acompanharam a construção da rede ferroviária norte-americana, o boogie woogie é um dos estilos da música de raiz africana nos EUA com um mais curioso percurso. Popularíssima no final do século XIX, início do XX, exatamente na esteira da diáspora laboral da população negra, a sua popularidade decresceria na década de 20 para, contudo, com os seus vigorosos acordes e estimulantes ritmos, vir a ganhar preferências das orquestras de swing que fariam do tema fundador, o Pinetop Boogie Woogie – do nome do famoso pianista Pinetop Perkins – um êxito gigantesco.
Em 1938, o produtor John Hammond organizou no Carnegie Hall os famosos espetáculos From Spirituals to Swing e entre as muitas revelações para o público branco surgiu um dueto de pianistas afro-americanos, Albert Ammons e Pete Johnson, que devastaram a audiência com o vigor e o virtuosismo do seu estilo – o boogie woogie que, duas décadas depois, invadiria de novo os salões de baile, mas desta vez para dar um contributo determinante a um novo som: o rock & roll.
Por aquelas originalidades em que a música é fértil, há hoje um consenso generalizado que os grandes especialistas do lendário dueto de Ammons e Johnson são dois... europeus... Que nem sequer nasceram no mesmo país (Axel Zwingenberger é alemão e Ecco Rijken Rapp é holandês!) e se conheceram por causa da música que a ambos apaixona. Daí ao trabalho conjunto na esteira do lendário dueto foi, naturalmente, um passo e ambos dividem hoje as suas carreiras perante espetáculos a solo e disputadíssimas apresentações, de regresso ao Carnegie Hall ou aos speakeasies dos anos 40!