Duas pessoas num barco, em alto mar: Um e o Outro. Fazem um piquenique, com o oceano como cenário, e partilham sentimentos. Um fala de tristeza e do medo de cometer suicídio. E depois mata-se. Ou será que já estava morto? O Outro tenta sobreviver à deriva nas ondas tempestuosas, mas as conversas entre os dois parecem ser entre fantasmas. Ou são mesmo? Talvez sejam apenas formas de existência, sem passado nem futuro, numa irrealidade qualquer...
Na teia da obra de Jon Fosse este texto (publicado nos Livrinhos do Teatro e já apresentado em Portugal numa encenação de Patrice Chéreau) transpõe uma nova fronteira. Onde estamos? A alegoria do mar, a beleza e o pavor do mar. Eros e Thanatos. A magia polémica do mais minimal texto de Jon Fosse. As suas obras foram traduzidas para mais de quarenta idiomas. É amplamente considerado um dos maiores dramaturgos contemporâneos.
UM
Tinha muito medo daquilo
E por isso fiz aquilo
Eu sabia que havia de fazer aquilo
Pausa curta
Era pesado demais
Pausa bastante curta
E o mar era leve demais
E o vento soprava forte
Jon Fosse, Sou o Vento
Este espetáculo junta em palco pela primeira vez dois grandes atores de teatro e cinema que têm também um percurso singular enquanto encenadores. Diogo Dória tem trabalhado autores como Beckett, Sarraute ou Pinget; Manuel Wiborg criou espetáculos a partir de textos de Bret Easton Ellis, Ruy Duarte de Carvalho e Anthony Burgess, entre outros.