Não é por acaso que o nome Zanussi 5 nos remete para os Vandermark 5 do outro lado do Atlântico. O quinteto do contrabaixista italo-norueguês Per Zanussi e o quinteto do saxofonista e clarinetista norte-americano Ken Vandermark são duas manifestações de uma mesma causa, a de um jazz afirmativo que deglutiu outras músicas no seu propósito de sintetizar numa só fórmula a condição metropolitana que a sustenta.
Com uma diferença: se Vandermark 5 tem uma óbvia dimensão intelectual, a Zanussi 5 interessa mais fazer a festa, sem desvios de percurso nem subterfúgios expressivos. E com uma arma poderosíssima: a frente de três saxofones com funções multiplicadas entre uníssonos, contrapontos e despiques, mais parecendo todo um naipe de sopros numa orquestra.
A música do grupo norueguês é igualmente complexa e obriga às mesmas extraordinárias capacidades performativas, mas a regra que lhe assiste está às claras: Zanussi, Møster, Hegdal, Mathisen e Nilssen pretendem, acima de tudo, divertir-se e divertir quem os ouve.
Para tal, servem-se de uma receita de deslumbrante eficácia: melodias que entram no ouvido, uma rítmica sincopante e groovy que funciona como um motor de combustão a várias velocidades, improvisações delirantes no seu superior nível de inventividade e espontaneidade, permanente introdução de elementos de absoluta surpresa e até de autoarmadilhamento e, sobretudo, muita alegria.
Tudo isto saído da cabeça de um músico, Per Zanussi, formado no Conservatório de Trodheim e na Academia de Música da Noruega que ganhou nome com a estranha banda de jazz eletrónico Wibutee e com praticamente todas as figuras em destaque da música criativa escandinava, como Arve Henriksen, Martin Kuchen, Frode Gjerstad, Mats Gustafsson, Sten Sandell e Bugge Wesseltoft.