Compositor e trompetista há mais de três décadas radicado em Lisboa, Sei Miguel tem mantido um trabalho em curso com Aki Onda, cidadão japonês a viver em Nova Iorque, também ele compositor, figura maior da eletrónica contemporânea, artista visual e sonoro.
Sei e Aki encontraram-se pela primeira vez em palco no Museu do Chiado, no outono de 2008, aí então para uma atuação em trio com César Burago, percussionista que acompanha Miguel desde há muito. Esta ocasião evidenciou dois mundos marcadamente pessoais, que natural e curiosamente não se repelem, mas criam sim uma beleza envolvente, produto de um natural e profundo cosmopolitismo poético.
Neste retomar público do trabalho entre os músicos, Sei apresenta o seu Unit Core, banda constituída pelos seus músicos mais próximos, voltando pela terceira e definitiva vez a uma peça cuja estreia remonta a 2009. As Casas de Orfeu, nas palavras do seu criador, trata-se de uma “peça-mistério em 8 quadros”, que nos conta, de maneira “suave e alucinante, como é ‘descer aos infernos por uma boa razão’”.
Inicialmente apresentada em duo, e posteriormente em trio, será em quinteto que encontra o seu estado final, com a colaboração estreita de Aki Onda, num terreno que caminha entre várias das músicas que unem estes dois músicos e, talvez como em nenhum outro trabalho de ambos, assimila os vocabulários que costumam manusear, mas assumindo e criando espaços e imagens vívidas para lá do género, onde o tempo parece ainda não ter chegado.
Esta apresentação insere-se no ciclo do Teatro Maria Matos e da Culturgest Porto, dedicado à apresentação de trabalho de Sei Miguel.
Filho Único