Laptop, projeção de vídeo Jörg Burger
Laptop, projeção de vídeo Wolfgang Voigt
Mohn é o mais recente projeto dos ícones do techno de Colónia Jörg Burger e Wolfgang Voigt, cúmplices criativos de longa data. Na senda do trabalho pioneiro proposto pelo longa-duração Las Vegas, editado em 1996 pelo par enquanto Burger/Ink na Harvest (mítica subsidiária da EMI, casa dos Pink Floyd e Deep Purple) e licenciado nos EUA pelo selo independente major da Matador, marco óbvio de introdução para muitos norte-americanos ao “som de Colónia”, os Mohn editaram o seu álbum de estreia homónimo no ano passado na Kompakt.
Burger foi um dos impulsionadores decisivos na revolução organizacional e estética que lançou o techno minimal para o mundo, destacando-se o papel importante enquanto fundador das editoras Trance Atlantic e Monochrome, e a sua música lançada ao longo dos últimos 25 anos enquanto Triola, the Bionaut ou the Modernist. Voigt tem vindo a editar desde 1991 a sua música de dança conceptual e subversiva sob uma miríade de pseudónimos – de Mike Ink a Studio 1 –, sendo reconhecida por críticos e pares a sua influência incontornável para vários dialetos globais do género.
A nova música do duo é um techno em câmara lentíssima, desacelerado, com e sem a marcação do bombo. Revela-se evocativa do aclamado projeto GAS de Voigt, mas claramente interpelando o cânone do ambient que ambos os estetas sonoros admiram e onde buscam inspiração, oferecendo claras pistas progressivas com vista a um renovado discurso, em que traços mais sombrios e menos explorados das personalidades musicais de ambos se expressam numa ambiguidade referencial que pode manifestar-se tanto tranquilizante como lisérgica, dependendo da condição do ouvinte.
Filho Único