Não raras vezes descrita como uma música predileta dos músicos, Samara Lubelski, nova-iorquina nada e criada, é uma das mulheres com maior impacto no universo independente de produção de música mais arrojada. Criada no Lower East Side da Big Apple (antes da gentrificação) e rodeada de arte por todos os lados desde muito jovem, Samara Lubelski já viu décadas passar na cidade onde as décadas condensam o que noutro sítio poderiam ser séculos de acontecimentos, sempre com um juízo crítico apuradíssimo e o maior dos entusiasmos por todos os que arriscam com destreza e engenho. Cofundadora dos Hall Of Fame, baluartes locais do ruído e da canção anglo-saxónica desmontada, parte integrante e colaboradora regular vai para mais de 15 anos nos Tower Recordings e em outras formações do guru Matt Valentine, gravou uma série de discos importantes do rock underground – de Arrived in Gold dos Sightings, a Blueberry Boat dos Fiery Furnaces. Hoje em dia toca ativamente com Thurston Moore nos seus Chelsea Light Moving, quarteto que o ex-Sonic Youth criou após a hibernação da sua banda de sempre, e que editou em 2013 o seu homónimo álbum de estreia na Matador Records, precedido e sucedido por digressões um pouco por todo o Ocidente e Oceânia. Nesta sua atuação solo na Culturgest Porto, Samara vem apresentar o seu trabalho para violino acústico amplificado e processamento de efeitos, para esculpir momentos em paisagem sonora, que remontam para o clássico Catch Wave de Takehisa Kosugi (pelo timbre e instrumentação), como para a escola psicotrópica de uns Taj Mahal Travellers, pela maleabilidade molecular do som, e pela invulgar ordem sucessiva dos acontecimentos no movimento da música, muito para lá dos exercícios mântricos do minimalismo. Com In The Valley editado em 2003 na Eclipse, como ponto de referência deste seu registo de violino solo, Samara verá sair em breve novo LP neste formato na belga Ultra Eczema.
Filho Único