“Excepter é uma banda de protesto sintética construída para eliminar diferenças culturais através de confusão polarizada”, de acordo com o seu carismático líder John Fell Ryan – músico, editor, designer visual, DJ, ex-membro da emblemática No-Neck Blues Band, e reconhecido estudioso de Stanley Kubrick. Com o regresso aos discos no final de 2013 com o EP Christisland, uma digressão europeia primaveril agendada e o novo álbum Familiar anunciado para breve, poder-se-ia dizer que o agora quarteto, referência da música eletrónica de vanguarda na última década, obstinado em quebrar, analisar e taxidermizar todas as leis da física postuladas sobre o como e o porquê de sons se organizarem em música, está mais ativo que nunca. Este coletivo nova-iorquino despontou para a atividade pública em 2002, apresentando-se ao vivo com táticas performativas que ora sublinhavam ou obscureciam os propósitos conceptuais que o motivava. Na altura como agora, definir o seu som, batida e orgânica de arranjos é tão difícil como responder à pergunta se os Excepter são criação, desconstrução ou autodestruição. Habitualmente celebrados e desconsiderados pelas mesmas noções de coerência e aleatoriedade na análise crítica da sua obra, do iniciático KA ao pico de exposição em Debt Dept lançado na Paw Tracks dos Animal Collective, o seu espectro estético vai do trabalho de sintetizadores rumo ao infinito (entre Charlemagne Palestine e Mr. Fingers) ao electro de pendor mais noturno e criminoso. A magia da sua música parece nutrida na esfera da invocação de momentos, acidentes conjurados, quase que como um produto de um ritual de uma seita religiosa a realizar-se em tempo real, pacientemente descortinando o âmago poderoso do feitiço que cativa uma plateia.
Filho Único