Trompetista radicado em Nova Iorque, Peter Evans tem-se distinguido como um dos produtos mais evoluídos e avançados do estudo, num campo que une as práticas e as histórias do trompete, do jazz e da composição contemporânea, na direção do avanço destas formas, instrumentação e escola.
Surge já numa fase de maturação avançada da miscigenação destas linhagens, onde a legibilidade melódica e harmónica continua em perene evolução, as estruturas harmónicas se informaram por todo o tipo de colateralidades da era pós-moderna, e os instrumentos de sopro foram informados pelo jazz até Coltrane, e daí – técnica mas também humanamente falando – por Evan Parker, Braxton, e outros visionários desse altíssimo calibre.
Evans tanto trabalha com estruturas de grupo, como são o caso das recorrentes colaborações com o supramencionado Parker (um dos ilustres que já passou pelo ciclo de programação da F.Ú. na Culturgest Porto), o "festivalado" ensemble Mostly Other People Do The Killing e, inclusivamente em território nacional e com prata da casa, com o Motion Trio de Rodrigo Amado, como tem vindo a explorar as várias possibilidades de concretização do seu instrumento numa circunstância solo.
Foi justamente nessa prática que iniciou a sua carreira discográfica, e logo na Psi Records de Parker, com More and More.
Distingue-o um controlo assombroso sobre a técnica do instrumento – timbre, dinâmica, volume, velocidade, e controlo sobre todos os interstícios do trompete –, mas (e crucialmente) é o entendimento do papel que este pode ter no encaixe e diálogo com os espaços em que ocupa que o torna um músico tão notável. No particular de estruturas de arquitetura propensas ao desenvolvimento de fenómenos de reverberação rica e carismática, são já vários os trabalhos verdadeiramente dignos de registo de Evans, pelo que podemos esperar uma sessão promissora entre os milhões de cruzamentos frequenciais da "capela" da Avenida dos Aliados.
Filho Único