"Tudo tem que mudar para que tudo fique na mesma": a máxima de Lampedusa, em O Leopardo, serve de mote, na perfeição, para esta Comunidade de Leitores, para a qual foram escolhidas obras que não obedecem, como habitualmente, a um tema específico e único. Depois de mais de uma década de regulares encontros, durante os quais se ouviram sugestões de títulos, coube aos leitores, desta feita, avançarem com as suas propostas, embora as preocupações com uma leitura crítica e "criativa" nunca se tenham afastado dos nossos propósitos. Assim, note-se que três das obras são profundamente "políticas", no sentido em que revelam o que existe de mais íntimo no ser humano em tempos de grandes convulsões sociais, convulsões essas que fornecem o pano de fundo a O Leopardo (unificação de Itália), a Sinais de Fogo (Guerra Civil de Espanha) e a A Nave dos Loucos (vésperas da IIª Grande Guerra); Duras, explicitamente escolhida no ano do centenário do seu nascimento, revela-se num relato autobiográfico, tal como autobiográficos são, tanto o romance de Huston, (um drama familiar) como os textos de Córtazar (a experiência da linguagem do cérebro vista ao espelho). Espera-nos um ciclo exigente, complexo e exaltante.
Helena Vasconcelos
18 de setembro
Sinais de Fogo, Jorge de Sena, Guimarães ed., 2009
9 de outubro
O Amante, Marguerite Duras, ed. Asa, 2012
30 de outubro
A Nave dos Loucos, Katherine Anne Porter, ed. Relógio D'Água, 2014
13 de novembro
Infravermelho, Nancy Huston, ed. Quetzal, 2013
27 de novembro
A Volta ao Dia em Oitenta Mundos, Júlio Cortázar, ed. Cavalo de Ferro, 2009
11 de dezembro
O Leopardo, Giuseppe Tomasi di Lampedusa, ed. Dom Quixote, 2014