Fundamental figura do jazz britânico, da improvisação europeia, da composição contemporânea, celebrado intérprete de várias outras músicas mais e menos seculares, editor, e tantos outros ofícios que foi criando por necessidade e visão. Parte da primeira geração de aprendizes da figura seminal da improvisação europeia, o músico britânico John Stevens, Barry Guy foi e tem sido, ao lado de outras figuras históricas como Derek Bailey ou Evan Parker, dos grandes e mais conscientes exploradores do que se pode fazer nos territórios novos, que todos os dias se abrem, nos interstícios e para lá das convenções no que concerne à composição e à improvisação. Criou a London Jazz Composers Orchestra no arranque da década de 1970, instituição que ainda hoje se mantém viva e vibrante. Mantém a Barry Guy New Orchestra, que tão notável trabalho tem realizado editorialmente e em palco. Faz há décadas parte de um dos mais importantes trios do jazz contemporâneo, com o supramencionado Parker e Paul Lytton, que permanece incrivelmente vivo e intrépido (cada vez mais, aliás). Contudo, e no que diz respeito mais a esta ocasião em concreto, trata-se de um dos grandes contrabaixistas vivos. O seu trabalho é de enormes riquezas melódicas, harmónicas, rítmicas, tímbricas, texturas e solistas, e ninguém questionará o território que abriu para o instrumento no campo das músicas contemporâneas. Nele, ouve-se tanto do muitíssimo que viveu e aprendeu, ao longo de um percurso que arrancou sério no princípio da adolescência, num bar proletário, onde foi aprendendo tudo o que podia com Champion Jack Dupree ou Sonny Boy Williamson, e outros lendários que por lá passavam. Uma história sem fim em música, que teima em não parar de se escrever, mais rica a cada dia que passa, deste enorme cidadão da música.
Filho Único