Com o impasse da experiência da Comuna de Paris de 1871, momento com que escolhemos terminar o espetáculo anterior (como rebolar alegremente sobre um vazio Exterior, Alkantara Festival 2010), uma parte dos revolucionários da Comuna é deportada para um lugar paradoxal, a Nova Caledónia. Paradisíaco e selvagem, o cruel novo território constituiria um lugar impossível para prosseguir o "projeto social" da Comuna, um lugar improvável para a implementação de um programa politicamente atuante ou relevante (os communards tiveram com os nativos caledónios uma relação praticamente inexistente).
Projetamos para este segundo andamento um itinerário sobre o fim dos projetos comunitários de pendor bélico e romântico que são as revoluções; a influência do espaço geográfico na estrutura de uma ideia; a noção de paraíso terrestre ligada aos mares do Pacífico Sul; a adequação de utopias criadas nessas latitudes; a convivência entre o anacrónico e o sincrónico. Chamámos a isto Nova, Caledónia.
AG / ML
O ator e encenador Miguel Loureiro dirige o coletivo 3/quartos, onde tem trabalhado sobre a herança do classicismo (Virgílio, Ovídio, Esopo, Camões), a "cena teológica" (S. Weil, Rilke) e a performance (Juanita Castro, Experimentalismo Social). André Guedes, recorrendo a uma diversidade de suportes, trabalha sobre as estratégias de recontextualização espacial, deslocamento e reapropriação de elementos como formas de reflexão social. Esta é a segunda colaboração de ambos.