Uma nuvem, uma árvore, uma flor, um punhado de terra situam-se no mesmo plano estético em que nós nos movemos, são parte integrante do nosso mundo, são um manancial de sensações vindas de todos os tempos, através de uma memória que tem a idade do homem. Não a pedra pelo seu lado externo, pela conversão dos seus valores formais, mas pela qualidade do seu íntimo, pelo cosmos que está nela e o qual nos é dado possuir na simplicidade em que a coisa vive.
Alberto Carneiro
in Notas para um manifesto de uma arte ecológica
Em Território, a linguagem transdisciplinar de Joana Providência enquadra a criação que tem como base a obra de Alberto Carneiro e a sua enfatização da ideia de "relação vivida com a Natureza". O espaço é tratado como uma cenografia da memória, constituindo-se, pelos lugares e paisagens de uma vida, como um mapa identitário, individual e único. Nuclear no processo dramatúrgico é, ainda, o conceito de Alberto Carneiro de "arte ecológica" e da procura das sensações estéticas e dos valores da Terra que se imprimiram no Homem. A pertinência deste mote de trabalho é enfatizada por um processo criativo a construir de raiz numa zona ainda fortemente marcada pela memória da ruralidade e pela presença dos parceiros cocriadores das Comédias do Minho.