Helen Mirra (Rochester, New York, 1970) tem vindo a abordar, a partir de uma perspetiva não-antropocêntrica, a condição e a experiência do sujeito no mundo, em especial a sua relação com a natureza. O seu trabalho carateriza-se por uma apurada economia de meios, procedimentos e soluções formais – frugalidade é um termo especialmente apropriado a este respeito. Não raramente, a artista convoca referências filosóficas e literárias específicas (William James, John Dewey, W.G. Sebald, Robert Walser, por exemplo) e relaciona-se com certas tradições da arte contemporânea, em particular a escultura minimalista, a arte conceptual, ou a poesia concreta. Esta exposição é uma extensa retrospetiva de uma genealogia de obras que se materializam como faixas de tecido de algodão pintadas monocromaticamente, com 16 mm de altura – uma referência explícita à película de filme – e extensão variável, que a artista usa habitualmente como suporte para a inscrição datilográfica de texto. A exposição é pontuada, aqui e ali, por peças de outro tipo (escultura, pintura, som), escolhidas em função daquele corpo de trabalho, abrindo-se assim a outros aspetos da prática artística de Helen Mirra.