"Fiquei deslumbrado. Aquilo era a Amália toda inteira"... Assim descreve Vítor Pavão dos Santos o seu encontro com os versos de Amália. Assim fiquei eu também quando os li. A ideia de Manuela de Freitas para que musicasse parte destes originais ajudou-me a encontrar a forma certa para uma homenagem a Amália, ao fado e aos fadistas. Tantas canções que não teria composto se não fossem eles! Musicar versos de Amália e cantá-los a meu jeito, foi o ponto de partida. Em termos artísticos tive o privilégio de contar com o desmesurado talento e dedicação de três pessoas de exceção: José Mário Branco, com a direção musical, arranjos e composição, ajudou a criar a paisagem sonora (variada e única) para as palavras de Amália; Michales Loukovikas, com as suas composições, abriu horizontes até ao oriente com modos musicais como o Huzzâm e o Sabâ; José Martins, com os seus arranjos em temas meus ligados a um bestiário popular e bem humorístico, ajudou a levar as palavras para um lado mais telúrico e experimental.
Algumas canções roçam o fado. Outras foram beber à tradição rural, às músicas do mundo ou à canção de texto. Outras ainda, são de todo o lado e nenhum, pontuando comicidades e afetos decorrentes do que Amália nos descreve com uma intensidade que só os grandes herdeiros de um património milenar são capazes de transmitir. Este Amélia com versos de Amália ao vivo encontra, na Culturgest, o seu espaço de eleição. Vai ser um encontro de encontros vários, neste palco do mundo, em Lisboa.
Amélia Muge
Amélia com versos de Amália integrou as listas de melhores discos do ano do Expresso (1.º lugar, lista nacional) e do Público (4.º lugar, lista única, 1.º nacional).