A universalidade da herança musical afro-americana é um dado reconhecido, mas a verdade é que é sobretudo o legado e influência do jazz que ocorrem na sequência daquela constatação. Do simples aparecimento de intérpretes e formações inteiramente a ele dedicadas à influência exercida sobre outros criadores e expressões musicais, não houve distâncias oceânicas que fossem barreira à estimulante sedução do resultado do encontro entre as tradições musicais africana e europeia verificado em terras americanas.
Contudo, e apesar do seu papel determinante na formação e percurso do jazz, o mesmo não aconteceu com os blues. Talvez porque relevam de forma especialmente profunda da identidade africana, afro-americana, negra, gerando, numa aparente simplicidade, uma linguagem exigente, repleta de expressividade, emoções e sentimentos. E não deixa de ser significativo que a sua inquestionável influência na música popular contemporânea se tenha feito essencialmente através dos mais dançáveis rhythm & blues, uma evolução musical fruto da urbanização e da migração negra do Sul original para as cidades maioritariamente brancas do Norte dos EUA. Os r&b – e o rock que deles nasceu – são hoje praticamente universais, mas os blues como que parecem querer manter-se identificados, de forma própria, constante, exigente, às raízes afro-americanas em que nasceram. Impondo, para a sua criação ou fruição, uma profunda e sentida ligação ao seu universo de músicas e vidas.
É por isso particularmente interessante encontrar blues fora do seu berço natal e, sobretudo, escutar o diálogo, a forma como os sentem músicos com diferentes origens e influências.
Em 2015, o Hootenanny completa – indispensavelmente! – o seu programa com blues vindos de um dos seus mais ricos berços – Chicago. Mas iremos também saber de migrações europeias – Suíça e Espanha!
Sexta 30 de janeiro
Segunda 2 de fevereiro
Quarta 4 de fevereiro