Norberto Lobo (Lisboa, 1982) é uma das figuras principais da música portuguesa contemporânea, um artista independente e empírico, que não ironiza sobre o futuro ou o destino, antes age, opera e materializa, e assim no curso da sua carreira vai transformando o seu mundo e o de quem o ouve e acompanha. Estreando-se com Mudar de Bina na portuense Bor Land em 2007, conta já cinco álbuns na sua discografia a título individual, tendo o anterior Mel Azul conquistado o prémio de disco do ano da revista Time Out Lisboa e sido nomeado para melhor álbum europeu independente, depois da revista BLITZ ter atribuído a Fala Mansa a distinção de disco nacional em 2011. Norberto tem viajado por Portugal e o mundo durante a última década, de múltiplas digressões pela Europa a uma jornada no Canadá, de uma residência artística em Cabo Verde às visitas em duas ocasiões ao Japão. Encontros luminosos com outros pares também se vão sucedendo, desde a consolidada parceria com o baterista João Lobo, até a colaborações ao vivo com músicos como Naná Vasconcelos, Devendra Banhart ou Rhys Chatham. No seu novo disco, Fornalha, lançado na suíça three:four records e nesta noite em apresentação na Culturgest Porto, voltamos a realizar que a probabilidade de não existir mais território para as suas composições à guitarra é justamente desarmada pelo espaço prodigioso que a sua música continua a abrir e a oferecer-nos. Da ficção violoncelista do tema de abertura homónimo à poesia do deserto magrebe em voga sideral de Maryam, da precisão delicodoce de Fran ao chorinho folk recitado de Pen Ward, Norberto continua a impulsionar a inovação no seu trabalho com uma subtileza tal que o parece revestir de uma espécie de liberdade fantástica.
Filho Único